Marcus Rashford: atacante do United, da seleção e herói inglês
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A missão do atleta é competir, e o desafio é vencer. Para isso ele se prepara e segue regras. Mas ele pode ir muito além de uma quadra, de um campo, de uma pista. Ele pode, além de alegrar e entreter pessoas, transformar vidas. O caso mais recente vem da Inglaterra, tem um garoto de 22 anos como protagonista, e que tem sido chamado de herói: Marcus Rashfort.
Depois de uma conquista social gigante, o jogador do Manchester United (e da seleção inglesa) teve seu nome estampado nos principais veículos ingleses e europeus essa semana, e passou a ser chamado de herói pelos jornais. E o tratamento não tem nada de exagero.
Rashford começou uma campanha para que as crianças pobres inglesas recebessem a merenda escolar mesmo durante as férias, algo que o Governo havia cortado.
O jogador escreveu uma carta pública ao parlamento no qual relembrou a infância difícil e se mostrou preocupado com o corte da merenda para as famílias carentes na Inglaterra em meio a pandemia do coronavírus.
A campanha cresceu, ganhou apoio da sociedade e o Governo cedeu. O feito assegurou que cerca de mais de um milhão de crianças na Inglaterra poderão requerer merenda escolar mesmo durante as férias de verão.
O porta-voz oficial do primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse a repórteres que "O Primeiro-Ministro congratula-se com sua contribuição ao debate sobre a pobreza e respeita o fato de ele estar usando seu perfil como um esportista de destaque para destacar questões importantes".
Em entrevista à BBC. ele disse que isso é só o começo. O jogador disse que quer continuar fazendo mais para aqueles em necessidade. Tomara que sim.
A façanha fez com que Rashford passasse a ser exaltado por técnicos e atletas ingleses.
"Ele mudou a vida de tantas crianças neste verão, o que é mais importante do que qualquer partida de futebol que ele provavelmente jogará", disse Ole Gunnar Solskjaer, técnico do United.
Quando o lockdown aconteceu, a política do governo britânico foi de fornecer ticket de alimentação, em substituição a merenda escolar, para famílias pobres durante o período de lockdown, porém limitado ao calendário escolar. Assim, não fosse a campanha de Rashford, milhares de famílias e crianças não teriam opção durante as férias.
Após essa belíssima vitória fora dos gramados, a discussão continua: o que é pior? Ser pobre em país pobre ou ser pobre em país rico?
Luiz GG Costa, advogado em Londres e colunista do Lei em Campo, diz que "a pobreza no Reino Unido é situação muitíssimo séria, apesar de pouca publicidade".
De acordo com o jornal The Guardian, aproximadamente 14 milhões de pessoas estão abaixo da linha de pobreza. Mais de um a cada cinco pessoas da população britânica, das quais 4 milhões são crianças e 2 milhões são idosos. Um crescimento de 400 mil e 300 mil nos últimos cinco anos, respectivamente. Uma família é considerada pobre caso sua receita seja menor do que 60% da receita média de famílias do mesmo porte/tipo, depois de custos com moradia. Esses são os dados apresentados pela publicação em fevereiro deste ano. Com o lockdown com toda certeza este número aumentou consideravelmente.
Luis GG Costa escreveu no Lei em Campo que "a campanha de Rashford não só salvou vidas de milhares de crianças, mas também joga o holofote de volta à questão da pobreza no Reino Unido".
De família pobre, Rashford explica que a sua mãe teve dificuldades para "colocar comida na mesa" para seus cinco filhos enquanto ele era adolescente. Em entrevista à BBC ele disse que sua mãe telefonou para ele "umas 10 vezes" enquanto sua campanha era mencionada na TV. "Foi bom vê-la sorrir", disse Rashford.
O atacante também tem sido um dos atletas no mundo a se posicionar de maneira forte contra o preconceito, combatendo firmemente o racismo.
Marcus Rashford, 22 anos, jogador do United e herói britânico.
O esporte tem mesmo um poder transformador.
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