Liga francesa julga Neymar e PSG tenta provar racismo contra brasileiro
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O Comitê Disciplinar da Liga Francesa de Futebol (Ligue 1) se reúne nesta quarta-feira (16) para avaliar o caso Neymar. A decisão sobre punição ou não para os conflitos ocorridos no último clássico entre Paris Saint Germain e Olympique de Marseille sai até o final do dia na Europa.
Apesar de toda a repercussão, o advogado franco-brasileiro Brice Beaumont não acredita que uma pressão política possa interferir no resultado. "O pessoal da comissão é bem qualificado. Eles vão aplicar o regulamento se for comprovado e pronto."
O jornal francês "Le Parisien" divulgou que o PSG se preparou para comprovar as ofensas racistas ao brasileiro, e montou um grupo com especialistas em leitura labial para avaliação das imagens de uma câmera exclusiva.
Nas cenas disponibilizadas pela emissora BeIN MENA, do Oriente Médio, não é possível ouvir o diálogo entre o zagueiro Álvaro González, do Olympique de Marseille, e o atacante do PSG. Mas a reação de espanto de Neymar ao que o espanhol lhe diz é perceptível. O objetivo é identificar o momento em que González teria dito a palavra "mono" (macaco, em espanhol).
O Olympique de Marseille, por sua vez, declarou apoio a González por meio do técnico André Villas-Boas. Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, o português criticou Neymar. "Apoiamos o nosso jogador. Álvaro não é racista. Todos nós vamos ajudar a encontrar a verdade. Neymar já sofreu acusações falsas (de estupro) e sabe o impacto que isso pode ter. Não é correto com o Álvaro."
O sistema disciplinar francês funciona de forma diferente do Brasil nesse primeiro momento. A denúncia, antes de ser oferecida contra os envolvidos, é decidida após uma reunião. "Todos os jogadores que participaram da briga vão ter que comparecer à comissão disciplinar da Liga, que se reúne às quartas, normalmente. Na ocasião, os vídeos do jogo serão revistos em diversos ângulos para identificar quem começou a confusão e se houve um insulto racista. Depois, as punições serão impostas a cada jogador", explica Brice Beaumont.
O regulamento da Ligue 1 lista todas as infrações que podem ocorrer fora ou dentro de campo, por qualquer pessoa envolvida no jogo, desde a diretoria até o jogador, ou mesmo, torcedor. Os jogadores podem ser enquadrados no artigo 4.1.2 por indisciplina, cuja pena varia de advertência até suspensão.
As piores sanções estão previstas para os personagens principais do conflito. Se ficar comprovado que Álvaro González cometeu injúria racial, ele pegará 10 jogos de gancho, conforme determina o artigo 9, que dispõe sobre comportamento racista e discriminatório. Por consequência, o Olympique de Marseille deve ser enquadrado no artigo 4.1.1 e pode ser punido com advertência e multa, até desfiliação por um período limitado de tempo.
Em relação a Neymar, o artigo 13, que trata de atos de brutalidade ou golpes, deve ser aplicado. "Mas com atenuante, porque ele só deu um tapa de leve no adversário. O que pode piorar a situação dele é o fato de ter aplaudido o árbitro após receber o cartão vermelho. De qualquer forma, acho que ele não deve receber punição de sete jogos de suspensão, que é a pena base para atos de agressão ocorridos durante os jogos, mas fora da jogada", avalia Jean Nicolau, advogado especialista em direito esportivo, doutor pela Universidade de Lyon.
"Os jogadores estarão acompanhados pelos advogados de cada clube, que vão tentar diminuir a punição com apresentação dos fatos de uma maneira diferente", completa Brice Beaumont.
O representante de Álvaro González, José Rodri, deu entrevista ao programa espanhol El Transistor e disse que seu cliente tem uma "conduta irrepreensível", e que vai aguardar uma eventual sanção a Neymar para pensar em novas ações judiciais. "Reservamo-nos o direito de recorrer aos mecanismos adequados para garantir a idoneidade de Álvaro".
Após o resultado da reunião desta quarta-feira, há possibilidade de recurso "para reanálise da primeira decisão da Comissão Disciplinar da Ligue 1. Depois, existem outras vias de questionamentos, mas sem nova avaliação do motivo do litígio, apenas das punições", finaliza Jean Nicolau.
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