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Lei em Campo

Como Data FIFA contribuiu para aumento de casos de Covid no futebol mundial

18/11/2020 04h00

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Por Ivana Negrão

Antes o torcedor ficava na expectativa para que os jogadores não voltassem lesionados da Data FIFA. Em tempos de pandemia, a preocupação aumentou. Eles torcem também para que os atletas não retornem com Covid.

E não é à toa. Nesta pausa para os jogos oficiais das seleções nacionais, além de lesões, muitos atletas foram infectados pelo novo coronavírus. Mo Salah do Liverpool, testou positivo com a equipe do Egito. O mesmo aconteceu com o meia croata Brozovic, da Inter de Milão, e o uruguaio Luis Suárez, do Atlético de Madrid, entre outros.

"É um risco expor os atletas, trazê-los de diversos lugares do mundo para ficarem concentrados com maior risco de exposição. Além disso, tem o deslocamento por países. A questão da pandemia é diferente em cada lugar. É uma exposição considerável", avalia o advogado Luiz Marcondes, presidente do Instituto Iberoamericano de Direito Desportivo.

O Lei em Campo consultou o infectologista Paulo Olzon, que reforçou que o contágio se dá principalmente em ambientes fechados. No futebol, "avião, concentração, vestiário... Dentro do campo dificilmente são contaminados, apenas se houver troca de fluidos".

Na Seleção do Uruguai, além de Luis Suárez, Rodrigo Muñoz e Matias Viña também testaram positivo para a Covid. E o foco do contágio seria o lateral do Palmeiras, já que o clube vive um surto com 15 atletas infectados. Essa foi a explicação do médico da delegação, José Veloso, a um jornal uruguaio.

"Os exames realizados em Viña no sábado e no domingo, principalmente o último, foram uma confirmação de que o contágio ocorreu no Brasil e não na Colômbia, onde o Uruguai jogou na sexta-feira (13)", afirmou o médico. Viña havia sido testado na quarta (11) e o exame deu negativo.
Gabriel Menino, outro lateral do Palmeiras foi diagnosticado com Covid enquanto estava com a Seleção Brasileira e acabou desconvocado. Todos os atletas do clube paulista estariam assintomáticos.

Paulo Olzon, que trabalha na linha de frente da Covid em São Paulo, explicou que o período de incubação do vírus, do contágio aos primeiros sintomas, varia de 2 a 14 dias. "Boa parte se contamina em uma semana, mas não dá para garantir. O percentual de erro ou má interpretação é grande e proporcional ao tempo de incubação."

Além disso, a porcentagem de exames falsos-negativos, quando a pessoa está infectada e não aparece, varia de 20% a 40%. "Se você estiver com a Covid e colher a amostra no primeiro ou segundo dia dá negativo. Mesmo com os sintomas. Só a partir do terceiro dia o resultado aparece com precisão", revela o doutor Paulo Olzon.

Quando o paciente apresenta quadro clínico de gripe, diarreia, dor de cabeça intensa, perda de olfato e paladar, o contágio se dá mais fácil. Quando não há sintomas, a carga viral é bem inferior e a transmissão do vírus fica muito mais difícil. De qualquer forma, o recomendável é sempre o isolamento.

Por isso, os jogadores uruguaios infectados foram removidos do convívio com os demais atletas e devem permanecer 14 dias em isolamento. Assim como os atletas do Palmeiras e de outros clubes que registram casos do novo coronavírus.

Luis Suárez está fora do jogo entre Atlético de Madrid e Barcelona no próximo dia 21 pelo Campeonato Espanhol. Seria o primeiro encontro do atacante com o ex-clube. Mas fica para uma próxima.

"A FIFA criou o protocolo de partidas oficiais em meio a pandemia. Medidas preventivas para evitar a contaminação. Além disso, a entidade orienta os clubes a contratarem seguros para uma determinada enfermidade ou lesão dos atletas. Está no artigo 2, anexo 1, do Regulamento de Status e Transferências de jogadores. A FIFA tenta se livrar de uma eventual responsabilidade. Não sei se o Atlético de Madrid contratou o seguro. Mas é uma discussão interessante de ser trabalhada face o momento que nós estamos", propõe Luiz Marcondes.

Até que ponto as competições devem seguir com tantos casos e uma segunda onda da pandemia? A entidade máxima do futebol anunciou o cancelamento dos mundiais femininos Sub-20 e Sub-17 nesta terça-feira (17) por dificuldades com a pandemia, mas no sentido de ausência de datas para concluir as eliminatórias e a preparação das seleções classificadas. Nada tem a ver com o risco de contágio em razão da realização dos torneios.

Até porque a FIFA confirmou o Mundial de Clubes masculino, entre 1 e 11 de fevereiro de 2021. Datas que coincidem com a final da Copa do Brasil e rodada 34 do Brasileirão.

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