Irã condena outro lutador à execução. O que o esporte pode fazer?
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Por Gabriel Coccetrone
Assim como aconteceu com Navid Afkari, o Irã executará nos próximos dias outro lutador. Mehdi Ali Hosseini, de 29 anos, cumprirá as tradições da Lei de Talião e enfrentará a forca após ser condenado por executar um homem durante uma briga em 2015. Apesar da grande pressão internacional feita recentemente por entidades como a Anistia Internacional e o Comitê Olímpico Internacional (COI), o país segue desrespeitando os direitos humanos ao continuar adotando esse tipo de punição.
"O Irã tem muitas questões em relação aos direitos humanos e a comunidade internacional precisa investigar e combater as violações. Contudo não apenas no esporte, mas também em outras esferas, em todos os países signatários dos acordos internacionais de proteção aos direitos humanos", afirma Mônica Sapucaia, advogada especialista em direitos humanos.
"É preciso que organizações de direitos humanos e a comunidade internacional pressione também as entidades esportivas, especialmente o Comitê Olímpico Internacional e a Federação Internacional da modalidade para que tomem ações concretas direcionadas à participação do Irã. Tal como já ocorreu em outras ocasiões, em que pressões esportivas contribuíram para mudanças em regras estatais, a exemplo da participação de mulheres em eventos esportivos no próprio Irã, as entidades esportivas devem reagir direta e objetivamente, tendo em conta inclusive os preceitos da Lex Sportiva, especial da Carta Olímpica", disse o advogado especialista em direito esportivo Vinícius Calixto.
Em 2015, Hosseini foi preso acusado de assassinato durante uma briga em grupo. Segundo jornais internacionais, a família da vítima não aceitou o perdão, que foi solicitado, entre outros, pelo campeão olímpico da luta greco-romana em Londres 2012, Hamid Surian, atual vice-presidente da Federação Iraniana de Luta Livre, e prosseguiu com a condenação seguida da pena de morte.
Essa será a segunda execução do Irã contra um atleta nos últimos meses. Em setembro, o lutador iraniano Navid Afkari foi executado após ser condenado a duas penas de morte por formar um grupo para atuar contra o regime do governo, esfaquear o segurança Hassan Torkaman e participar ativamente de protestos em Shiraz e Kazerun. O caso teve grande repercussão mundial.
Após a execução de Navid, diversas federações e organizações pressionaram o COI pela exclusão do Irã de competições esportivas.
"Descanse em paz, Navid Afkari. Pedimos solidariedade aos atletas para exigir que o Comitê Olímpico Internacional e a UWW implementem imediatamente as sanções que expulsem o Irã do esporte mundial por esta execução hedionda", pediu a Global Athlete (Movimento Internacional de Atletas).
Na época, o Lei em Campo ouviu especialistas sobre a violação dos direitos humanos nesse caso.
A Lei de Talião ("Olho por olho, dente por dente") ainda é uma prática adotada pelo Irã e outros países do Oriente Médio. Esse tipo de punição foi criado há milhares de anos e consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena, na qual uma pessoa que feriu outra pessoa deve ser penalizada em grau semelhante.
Para Mônica Sapucaia, as confederações precisam defender os direitos humanos.
"O esporte pode ser uma porta de resistência, de mostrar ao mundo o racismo, o sexismo, as violências desumanas em geral, para tal as confederações precisam assumir esses valores e topar perder países nas competições em prol de defender os direitos humanos. Será mesmo que elas estão dispostas?", questiona a advogada.
De acordo com a Anistia Internacional, o Irã executou ao menos 259 pessoas desde 2019, se juntando à China como os países que mais praticam o ato.
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