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Copa: 1ª substituição por concussão mostra que protocolo precisa melhorar

Gabriel Coccetrone

22/11/2022 09h15

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O goleiro Alireza Beiranvand, do Irã, protagonizou uma cena preocupante logo no começo da partida contra Inglaterra ao se chocar com seu companheiro de seleção ao disputar uma bola pelo alto. Após receber atendimento, o arqueiro tentou retornar para o campo, mas poucos segundo depois acabou pedindo substituição. Ele se tornou o primeiro jogador da história das Copas do Mundo a ser substituído por concussão.

O novo protocolo adotado pela FIFA em seus torneios prevê que para casos de suspeita de concussão, ou seja, choque de cabeça, a substituição não conta para o limite de cinco trocas. No entanto, para isso acontecer, há algumas etapas a serem cumpridas.

"Antes da Copa, a FIFA apresentou novidades sobre o protocolo de concussão cerebral e isso incluía a substituição temporária em casos suspeitos de concussão. Segundo o Consenso Internacional de Concussão no Esporte, atletas com cortes e/ou sangramentos na cabeça devem ser considerados como casos suspeitos de concussão pois isso sugere que houve um impacto direto na cabeça. A avaliação específica é mandatória em casos assim. Nessa avaliação, utilizamos testes específicos e fazemos uma avaliação funcional comparativa com resultados obtidos na pré-temporada e assim não ficamos na dependência do relato de sintomas", explica o PhD Hermano Pinheiro, fisioterapeuta esportivo e neurofuncional.

Hermano explica que "às vezes, os sintomas não estão presentes, mas podem surgir depois ou serem provocados por estímulos específicos. A substituição temporária sequer foi utilizada nesse caso (do goleiro iraniano)".

"Com a substituição temporária do atleta, haveria melhores condições para avaliar o caso e, talvez, provocar os sintomas através de testes específicos no vestiário já que no gramado ou sideline não temos um ambiente adequado para realizar uma avaliação neurológica de qualidade", acrescenta.

Como é o protocolo de concussão na Copa?

Para implementar o protocolo de concussão, a FIFA definiu alguns critérios. A entidade máxima do futebol estabeleceu que o diagnóstico da lesão será feito pelo médico da própria seleção e um outro representante da organização, também médico, que ficará ao lado do gramado.

Além disso, a organização posiciona um segundo médico (observador) na arquibancada para ter acesso a imagens em tempo real e se comunicar com os profissionais de campo, caso aconteça uma grave lesão que necessite de um atendimento para iniciar o protocolo de concussão.

A FIFA estabeleceu um procedimento de cerca de três minutos para realização de um questionário para os médicos classificaram indícios de confusão mental ou desorientação no atleta.

Beiranvand se chocou fortemente com Majid Hosseini, companheiro de seleção. A partida chegou a ser paralisada por mais de 10 minutos para atendimento ao goleiro, que desorientado teve que ser substituído.

No telão do Estádio Internacional Khalifa, a FIFA anunciou que foi uma "substituição por concussão", uma novidade na história dos Mundiais.

Quais os riscos da concussão?

A concussão cerebral é uma lesão no encéfalo (cérebro, cerebelo e outras estruturas), gerada por um choque na cabeça. Esse tipo de problema está se tornando algo cada vez mais comum em esportes de contato, como futebol, rúgbi e futebol americano. Diante disso, o tema passou a ser tratado com uma maior importância e seriedade, criando-se protocolos que evitem ao máximo o surgimento de doenças neurológicos futuras nos atletas.

A concussão passou a ser bastante discutida nos últimos tempos por conta de sua gravidade e a constância que vêm acontecendo. O advogado especializado em direito desportivo e jornalista, Andrei Kampff, alerta para problemas jurídicos que grandes ligas do esporte podem enfrentar por conta das sequelas deixadas aos ex-atletas.

"Além da obrigação permanente de cuidar da saúde dos atletas, a situação traz um risco jurídico. A NFL já sofreu uma derrota bilionária não justiça, quando atletas ingressaram pedindo ressarcimento em função das sequelas proporcionadas pelas concussões. Isso trouxe aprendizado à força, e a NFL passou a investir mais na saúde dos atletas. A Fifa e o futebol também correm esse risco", cita o colunista do Lei em Campo.

Alguns dos sintomas da concussão cerebral são: desmaio; dor forte ou crescente na cabeça; alteração no estado de consciência; alteração no humor; convulsão ou algum outro tipo de epilepsia; falta de coordenação motora; visão dupla; vômito; fraqueza ou formigamento nos braços ou pernas; e dor muito forte no pescoço.

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