Enchente no Rio Grande do Sul e a força social do esporte
O momento é de solidariedade. O Rio Grande do Sul vive a maior tragédia climática, social e econômica de toda sua história. As fortes chuvas que atingiram o estado afetaram mais de 440 cidades e mudaram a vida de quase 1,5 milhão de pessoas. Em Porto Alegre, o nível do Guaíba ultrapassou a marca da maior enchente desde 1941, quando chegou a 4,76 metros e inundou grande parte do centro da capital gaúcha.
A força social do esporte
Pela força que tem, o esporte é um agente catalisador de transformações sociais importantes. Tanto que ele e seus personagens já pararam guerras, e aproximaram povos. O esporte recuperou pessoas.
A ideia de ter o esporte como vetor de promoção e desenvolvimento da paz no mundo vem sendo pauta da ONU desde 2003, quando a Organização publicou a Resolução 58/5, intitulada "Esporte como um meio para promover educação, saúde, desenvolvimento e paz".
Inclusive na Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável, está escrito que o esporte é importante facilitador para a promoção do desenvolvimento e da paz, a partir da promoção da tolerância e do respeito e das contribuições que pode fazer para o empoderamento de indivíduos, como também para atingir objetivos como inclusão social, melhorar a educação e saúde no mundo.
"O esporte deve representar valores que fortalecem uma sociedade. A solidariedade por partes dos clubes brasileiros diante da triste catástrofe que assola o RS se alinha com premissas comunitárias na organização de uma sociedade. Além de disputas, títulos, o esporte se constitui por pessoas e deve ser direcionado para pessoas, devendo ampliar o seu alcance se valendo de tudo que a influência esportiva proporciona", afirma a advogada desportiva Ana Mizutori.
Atlético-MG e Sport e o exemplo de solidariedade
Os clubes do futebol brasileiro se uniram para arrecadar doações para a população do Rio Grande do Sul. Times das Séries A e B do Campeonato Brasileiro promoveram diversas ações, entre leilões de camisas e pontos de arrecadação. Atlético-MG e Sport, porém, se destacaram.
Sob o lema "Solidariedade em massa", o Atlético-MG promoveu um treino aberto na Arena MRV para quase 37 mil pessoas. O Galo arrecadou recursos financeiros, alimentos e água para as vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul.
Segundo a assessoria do clube, foram vendidos 36.871 ingressos, com renda de R$ 666.090. Mais de 10 toneladas de donativos foram entregues nos quatro pontos de coleta na Arena MRV, organizados pelo Servas e pela Defesa Civil de Minas Gerais.
Além disso, o Galo estendeu bandeiras e faixas nas cores do Rio Grande do Sul por todo o estádio.
O Sport também deu um grande exemplo de solidariedade. Centenas de torcedores do Leão formaram uma longa fila solidária para ajudar as vítimas da tragédia. O clube realizou um bazar beneficente com as camisas de jogos oficiais das temporadas 2022 e 2023. Todo dinheiro arrecadado foi destinado para os gaúchos.
Além do bazar, o Sport também doou parte da renda do jogo contra o Brusque, na Arena de Pernambuco, para as vítimas das enchentes no RS.
Ibrachina e as campanhas humanitárias
Apesar de muito novo no futebol brasileiro (fundado em 2020), o Instituto Sociocultural Brasil-China (Ibrachina FC) teve uma atitude gigante. O clube, considerado um dos principais expoentes nas categorias de base do futebol paulista, arrecadou mais de 40 toneladas de doações, entre água, alimentos e itens de higiene pessoal.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberA iniciativa não foi uma novidade para o Ibrachina. O clube já realizou campanhas humanitárias semelhantes, enviando doações para minimizar os efeitos de desastres climáticos em Minas Gerais e Goiás, em 2022, bem como no litoral norte de São Paulo, em 2023.
Henrique Law, presidente do Ibrachina, afirma que o clube sempre esteve engajado com causas sociais. Segundo ele, contribuir positivamente com a sociedade faz parte da missão institucional da instituição.
"Foi assim na crise de oxigênio em Manaus, nas chuvas que atingiram o litoral paulista no ano passado e tantas outras. Inclusive o Ibrachina FC nasceu a partir de uma ação social voltada para os jovens talentos das comunidades. É muito importante todos nós ajudarmos o Rio Grande do Sul com doações ou trabalho voluntário, pois, toda ajuda e doação faz diferença nesse momento. São muitas pessoas desabrigadas e sem absolutamente nada", disse.
"Diante dessa triste realidade, o Ibrachina rapidamente se mobilizou com a FAB, o Garagem 55 e outros parceiros para conseguir enviar doações de água, roupas, alimentos e outros itens de primeira necessidade. Os atletas do Ibrachina também estão ajudando na coleta e organização das doações, isso reflete positivamente na formação deles como seres humanos, pois os ensinam a ajudar e amar ao próximo", acrescentou Henrique Law.
O clube segue coletando itens para doações no Ibrachina Arena, localizado na Rua Borges de Figueiredo, 1325, Mooca.
Balanço das enchentes
De acordo com o último balanço divulgado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul, divulgado nesta segunda-feira, o número de mortos subiu para 157. Há 88 pessoas desaparecidas e 806 feridas.
Dos 497 municípios gaúchos, 463 foram atingidos pela chuva, afetando mais de 2,4 milhões de pessoas. Pelo menos 581 mil estão desalojadas.
SOS Rio Grande do Sul
O governo reativou o canal de doações via Pix para auxiliar as vítimas das enchentes. Há o compromisso de destinar o total dos recursos à ajuda humanitária.
Conta da doação: Associação dos Bancos do RS; Chave Pix é o CNPJ: 92.958.800/0001-38 (CNPJ vinculado à conta no Banrisul).
Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo
Seja especialista estudando com renomados profissionais, experientes e atuantes na indústria do esporte, e que representam diversos players que compõem o setor: Pós-graduação Lei em Campo/Verbo em Direito Desportivo - Inscreva-se!
Deixe seu comentário