Botafogo pode ser punido por bonecos enforcados de Leila e Ednaldo?

O Lei em Campo consultou especialistas para entender se o Botafogo corre risco de sofrer alguma punição da Justiça Desportiva por conta dos bonecos pendurados pelos torcedores.

O advogado Matheus Laupman, especialista em direito desportivo, cita que o Código Disciplinar da FIFA é claro ao afirmar que todos os clubes são responsáveis pela ação de seus torcedores. No entanto, isso não significa que o Alvinegro será punido. Segundo o especialista, caberá à Procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) atribuir ou não ao Botafogo a incitação de violência.

"No que diz respeito a responsabilidade do Botafogo, entendo que ela existe, isto porque o artigo 17, item 2 do Código Disciplinar da FIFA é claro ao afirmar que todos os clubes são responsáveis pela ação de seus torcedores. No âmbito do CBJD (Código Brasileiro de Justiça Desportiva), temos o artigo 243-D a respeito de incitar publicamente o ódio ou a violência. Bastamos neste caso observar agora, se a Procuradoria do STJD irá atribuir ao Botafogo a incitação de violência, com a justificativa do Código Disciplinar da FIFA", explica.

Milton Jordão, advogado especializado em direito desportivo, entende que o Botafogo não deve ser responsabilizado pela ação de seus torcedores. Contudo, o clube precisa apoiar as autoridades na investigação e tomar medidas contra os infratores quando identificados.

"Primeiramente, precisamos repudiar com veemência qualquer ato que incite ou signifique violência. Todo apoio e solidariedade devem ser dados aos presidentes Ednaldo e Leila. Todavia, o clube não pode ser responsabilizado, em minha percepção, por essa conduta de seus torcedores, sobretudo porque não se deu dentro da praça esportiva. Entendo que essa extensão é perigosa e ultrapassa a capacidade que dispõe o clube de combater esse tipo de conduta. A matéria é de órbita das autoridades públicas e não do ente privado. O clube deve apoiar as autoridades na investigação, e sabendo a autoria, sendo integrante do seu quadro de sócios, tomar medidas interna, que podem até levar à exclusão", avalia.

Antes mesmo da bola rolar, Leila Pereira e Botafogo se manifestaram sobre o ocorrido, classificando o mesmo como um "ato criminoso".

Confira o posicionamento de Leila Pereira

"Lamento este ato criminoso, bem como qualquer tipo de hostilidade no ambiente do futebol. A rivalidade deve sempre se restringir ao campo de jogo. Entendo que o esporte precisa de dirigentes responsáveis, que não fomentem a violência. Espero que as autoridades policiais tomem todas as providências necessárias para garantir a segurança dos nossos profissionais e dos nossos torcedores que estarão no Estádio Nilton Santos. Futebol é entretenimento, não violência. Tomei a decisão de não ir ao jogo desta noite porque entendo que o foco precisa estar no campo. Afinal, a partida é entre Botafogo e Palmeiras, e os jogadores são os astros do espetáculo. Infelizmente, ao ver estas imagens assustadoras, concluo que a decisão de não comparecer ao estádio foi correta".

Confira o posicionamento do Botafogo

"O Botafogo repudia veementemente as ameaças e atos criminosos manifestados contra a Presidente do Palmeiras, Leila Pereira, e o Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Tão logo tomou conhecimento, a Diretoria solicitou ao policiamento que agisse imediatamente.

O Clube tem como pilar fundamental de suas relações o respeito por seus adversários e entende que o futebol não pode aceitar ou dar espaço para qualquer tipo de violência. Que os responsáveis sejam identificados e punidos pelas autoridades.

O Estádio Nilton Santos é um símbolo marcado pela promoção do esporte, do espetáculo e que preza pela harmonia entre os torcedores, motivo pelo qual o Botafogo reafirma a sua indignação com o episódio".

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