COB lança manual com padrões de segurança para proteger crianças no esporte
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) realizou, nesta terça-feira (3), o I Fórum Nacional do Esporte Seguro, no Rio Janeiro. O evento, que contou com palestrantes internacionais, promoveu a conscientização sobre questões de segurança no esporte; identificou e discutiu os desafios comuns que as organizações esportivas enfrentam em relação à segurança no Esporte, e compartilhou as boas práticas relacionadas à segurança.
O ponto alto do fórum foi o lançamento do Manual de Salvaguarda Internacional para Crianças no Esporte, documento que contêm oito salvaguardas, isso é, oito padrões mínimos de segurança para o ambiente esportivo seguro para crianças, independentemente do lugar onde participam e do nível em que se encontram. O conteúdo foi totalmente traduzido para o português pelo Instituto Olímpico Brasileiro (IOB), braço de educação do COB.
O documento também busca prover uma referência visando auxiliar os provedores e financiadores da prática esportiva a tomarem decisões esclarecidas; promover boas práticas e reprovar as que que causem danos às crianças; e oferecer clareza ao tema de salvaguardas para crianças e para todos que estão envolvidos no esporte.
O lançamento do Manual de Salvaguarda Internacional para Crianças no Esporte aconteceu durante o workshop comandado pelo consultor sênior do Comitê Olímpico Norueguês (CON), Havard B. Ovregard.
"Depois do movimento 'Me too', o número de denúncias por mês dobrou na Noruega. E eu era o único na minha organização que trabalhava com isso. Agora tenho mais alguns companheiros trabalhando comigo. Mas toda vez que temos um novo Diretor de Comunicação, eles chegam pra mim e falam: você pode ser um pouco mais discreto em relação a esse assunto? Não é bom para a imagem da instituição. E com o tempo eu consigo provar para eles que é o contrário. O efeito de falar sobre isso é que as pessoas passam a confiar que queremos ter zero tolerância quanto ao abuso e discriminação. Se você se posicionou, isso mostra que é uma questão importante para a instituição. Principalmente porque não é uma questão de se (a violência) vai acontecer, é quando vai acontecer", explicou Ovregard.
"As intenções e políticas podem ser boas, mas o que te define é como você trata as pessoas. Não é questão do que você quer dizer, é a consequência do que você fala. Não se pode fazer ou falar coisas que podem ser interpretadas como ruins para outras pessoas. Um simples abraço pode ser ruim para quem não gosta de ser abraçado. Então, você não deve fazer isso porque é sobre como o que você faz é recebido pela outra pessoa", acrescentou.
Os princípios que nortearam a criação do Manual de Salvaguarda Internacional para Crianças no Esporte foram: o melhor interesse das crianças; o direito das crianças de praticar esportes; o direito das crianças de estarem e se sentirem seguras; direito das crianças de terem suas vozes ouvidas; direito de não ser discriminado; responsabilidade do esporte de proteger as crianças; e a certeza de que certos fatores tornam algumas crianças mais vulneráveis.
O advogado especializado em conformidade e autor dessa coluna Andrei Kampff destaca que "a iniciativa é mais um passo importante na proteção de menores no esporte. Entidades esportivas têm o dever legal de proteger crianças e adolescentes. Portanto, é necessário se criar políticas eficazes e campanhas de conscientização."
As oito salvaguardas foram definidas da seguinte maneira: Desenvolvimento das políticas; Procedimentos visando dar respostas às questões relativas a salvaguardas; Conselho e apoio; Redução de risco para as crianças; Orientações quanto ao comportamento; Recrutamento, capacitação e comunicação; Trabalho com parcerias; e Monitoramento e avaliação.
O COB tem realizado diversas ações para a promoção do Esporte Seguro, como a criação de um canal de denúncias, campanhas e atividades educativas nos eventos realizados pela entidade, assim como cursos on-line e gratuitos sobre o tema.
"Desde o lançamento da nossa Política de Prevenção e Enfrentamento à Violência, Assédio e Abuso no Esporte em 2018, testemunhamos avanços significativos, não apenas dentro do COB, mas também nas relações que estabelecemos com diversas outras organizações esportivas. Este fórum foi uma oportunidade para fortalecermos laços, compartilharmos conhecimento e definirmos novos caminhos para o futuro do esporte seguro no país. Que as novas ideias discutidas aqui se transformem em ações concretas que beneficiem nossa comunidade, mas, principalmente, os atletas e praticantes de esporte em todo o Brasil", afirmou o Diretor-geral Rogério Sampaio durante o evento.
"Estamos passando por avanços em áreas fundamentais na gestão do COB, com maior transparência, austeridade e participação dos atletas nos processos decisórios, por exemplo. Na esfera esportiva, alcançamos os melhores resultados nos principais eventos multiesportivos em que participamos. Porém, de nada valem as conquistas se a evolução do esporte brasileiro não trouxer, além de medalhas, a garantia de um ambiente seguro para nossos atletas, para a nossa juventude, para essa e para as próximas gerações", declarou Paulo Wanderley, presidente do COB.
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