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Em dia de #NFL, Packers poderia ser modelo de gestão e governança para SAF?

Nesta sexta-feira (6), às 21h15 (de Brasília), a Neo Química Arena será palco da tão aguardada partida entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, válida pela rodada de abertura da temporada 2024/25 da National Football League (NFL).

O Green Bay Packers é uma franquia histórica da NFL, conhecida tanto por seu sucesso esportivo - mais vencedor de toda a liga, com 13 títulos, sendo 9 anteriores à "era Super Bowl" - quanto por seu modelo de gestão e governança único entre as principais ligas esportivas dos Estados Unidos.

Fundado em 11 de agosto de 1919, o Green Bay Packers é o único dos 32 da liga a operar como uma organização sem fins lucrativos, sendo de propriedade coletiva, um modelo de gestão que o diferencia das demais franquias esportivas.

Modelo de gestão e governança dos Packers

O Green Bay Packers é propriedade de mais de 537 mil acionistas, representados por ações que não pagam dividendos e que não podem ser vendidas com lucro, mas que garantem um direito simbólico de voto em decisões importantes da franquia, como a escolha do conselho administrativo, conferindo uma estrutura de governança descentralizada, em que o poder está, ao menos na teoria, nas mãos da comunidade e não de um único proprietário ou investidor.

O conselho de administração é responsável pela supervisão geral do time, enquanto o dia a dia das operações é gerido pelo presidente e CEO da equipe, atualmente Mark Murphy (até julho de 2025). O Packers também se beneficia de sua participação na lucrativa partilha de receitas da NFL, que distribui igualmente as receitas de transmissões televisivas entre as franquias, criando uma maior igualdade financeira.

Outro ponto relevante do modelo dos Packers é a transparência. Como uma organização sem fins lucrativos, o time publica relatórios financeiros anuais, algo que é raro entre franquias esportivas.

Green Bay Packers pode ser um exemplo para as SAFs no Brasil?

A recente chegada das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) no Brasil abriu espaço para uma série de debates sobre novos modelos de gestão no futebol. Ao olhar para o exemplo do Green Bay Packers, alguns paralelos podem ser traçados, embora existam diferenças contextuais expressivas.

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Em recente artigo publicado no Lei em Campo, os especialistas José Sarkis Arakelian, doutor em estratégias de marketing, e José Luis Camargo, advogado e conselheiro de administração, abordaram o tema.

"O Green Bay fez a massificação de seus acionistas em diversas rodadas diferentes de capitalização. Os clubes associativos brasileiros de massa poderiam seguir o modelo do Green Bay ao criarem uma SAF (que também não distribui lucro e tem restrição de venda das ações) e captar recursos com seus torcedores que teriam participação minoritária na SAF. Os clubes associativos continuariam controlando a SAF, mas com uma governança mais profissional do que no clube associativo e com novos recursos para investimentos", avalia José Luis Camargo Jr.

José Sarkis cita como exemplo a atual "vaquinha" proposta pela torcida organizada do Corinthians, Gaviões da Fiel, para pagamento da Neo Química Arena.

"Será que não seria ainda mais interessante que estes recursos fossem utilizados para o início do processo de compra de ações de uma 'SAF do povo' como o Green Bay, garantindo assim inclusive o estabelecimento de todo o processo de governança ao clube? O clube associativo continuaria controlador da 'SAF do povo', mas os torcedores teriam ações - e não um mero comprovante do pix de uma doação", pondera.

O modelo de gestão dos Green Bay Packers, com sua propriedade compartilhada e foco na sustentabilidade, oferece algumas lições importantes para as SAFs no Brasil. Embora a implementação de um modelo idêntico seja difícil devido às diferenças culturais e financeiras, a ideia de uma governança mais transparente e focada no longo prazo pode servir como inspiração para uma nova era de gestão no futebol brasileiro.

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