Lei em Campo

Lei em Campo

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
ReportagemEsporte

Após Caso Diarra, FIFA começa a debater mudança no sistema de transferência

A FIFA convidou grupos-chave - incluindo a Associação Europeia de Clubes, a FIFPRO (Sindicado Internacional de Jogadores) e a Associação das Ligas Mundiais - para discutir as possíveis implicações da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) no caso envolvendo o ex-jogador Lassana Diarra. A Corte considerou que as regras de transferências da entidade violam a legislação da União Europeia.

A entidade máxima do futebol busca iniciar um diálogo aberto sobre o sistema de transferências e rever o artigo 17 do Regulamento sobre o Status e Transferência de Jogadores (RSTP).

Além disso, a FIFA criou uma plataforma para que todas as partes interessadas possam enviar suas opiniões, tanto individuais quanto coletivas, até o dia 15 de novembro, como parte desse processo consultivo.

"O diálogo com a comunidade internacional do futebol será de grande interesse para nós, e esperamos receber contribuições construtivas sobre o art. 17 do RSTP com um espírito colaborativo", declarou Emilio García Silvero, diretor da Divisão de Serviços Jurídicos e de Conformidade da FIFA.

Segundo o jornalista e advogado especializado em direito desportivo Andrei Kampff, autor desse blog, o "caso de Diarra já está apresentando desdobramentos no futebol na área da governança. O que ainda não se sabe ainda é como o futebol vai fazer para equilibrar as questões econômicas e a estabilidade contratual em uma regra que preserve as questões de direitos humanos na relação de trabalho no futebol. Mas a discussão está só começando".

O caso Diarra

Em 2014, Lassana Diarra, ex-volante do Real Madrid, Chelsea e PSG, teve seu contrato rescindido pelo Lokomotiv Moscou, da Rússia, quando ainda tinha mais um ano de vínculo. O jogador não reconheceu a rescisão, mas, mesmo assim, foi condenado a pagar uma indenização.

O Lokomotiv afirmou que Diarra não cumpriu seu contrato e exigia 20 milhões de euros (R$ 124 milhões) perante a Câmara de Resolução de Disputas (DRC) da FIFA e a Corte Arbitral do Esporte (CAS).

A Câmara de Resolução de Disputas da FIFA condenou Diarra a pagar 10,5 milhões de euros ao Lokomotiv.

Continua após a publicidade

Por conta dessa briga jurídica com o clube russo, Diarra ficou um ano longe dos gramados. O ex-jogador alegou que a situação prejudicou sua carreira, uma vez que possíveis equipes interessadas se afastaram de um acerto com o francês por conta da indenização devida ao Lokomotiv Moscou, conforme previsão no RSTP.

O jogador levou o caso para o Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) que decidiu neste mês que uma das regras de transferências da FIFA viola a legislação europeia e não pode ser aplicada.

O Tribunal decidiu que uma regra de transferência de jogadores de futebol vai contra as leis da União Europeia, atingindo os princípios de livre circulação de trabalhadores, assim como o da livre concorrência.

As normas sobre transferência de jogadores da Fifa (RSTP, na sigla em inglês) - mais precisamente o art 17 - dizem que um jogador que termina um contrato antes do prazo "sem justa causa" é responsável por pagar uma compensação ao clube e, quando o jogador se junta a um novo clube, eles serão conjuntamente responsáveis pelo pagamento da compensação. Caso não exista o pagamento estipulado, não será permitido pelo sistema do futebol o registro em outro clube.

A decisão do caso de Diarra tem força para o caso concreto, mas deve desencadear um efeito cascata na Europa e passar a ter efeito vinculante.

Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo

Continua após a publicidade

Seja especialista estudando com renomados profissionais, experientes e atuantes na indústria do esporte, e que representam diversos players que compõem o setor: Pós-graduação Lei em Campo/Verbo em Direito Desportivo - Inscreva-se!

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

Só para assinantes