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Declaração de Ramón Díaz pode acarretar em rescisão de contrato de Giovane

O técnico Ramón Díaz deu uma declaração polêmica durante a coletiva de imprensa desta quinta-feira (24), após o empate em 2 a 2 do Corinthians com o Racing, pela ida da semifinal da Sul-Americana.

Ao ser questionado pelos jornalistas sobre a não utilização do jovem Giovane, o treinador argentino revelou que tanto o atacante quanto outros dois jogadores (esses não citados nominalmente) estão com as negociações de renovação de contrato travadas e afirmou que não os escalará enquanto essa situação não se resolver.

"Sou um cara que deixa tudo claro. Giovane não quer renovar o contrato com o Corinthians. Não quer assinar. Fazem a proposta, conversam com ele, e creio que o jogador tem que ser agradecido ao clube. Existem outros dois jogadores que não querem assinar", disse Ramón Díaz.

"Enquanto não assinarem, não vão jogar porque necessitamos de jogadores que sejam comprometidos com o clube, agradecidos. Têm que ser agradecidos por tudo que o Corinthians lhes dá. Enquanto não assinarem o contrato, não vão jogar", acrescentou.

Ramón Díaz disse ainda que a decisão de barrar Giovane foi dele, e não da diretoria. O argentino lamentou que essa situação esteja acontecendo com jogadores mais jovens.

"É uma decisão minha (não da diretoria). Creio que você tem que ser agradecido pelo clube em que está. É um dos maiores clubes do Brasil. Sei que hoje, economicamente, os jovens podem ter um salário muito maior fora daqui, mas estão fazendo boas propostas", afirmou.

Ramón Díaz cometeu assédio moral contra o jogador?

A declaração do treinador pode causar problemas ao Corinthians. Segundo especialistas em direito trabalhista, a fala é um caso clássico de assédio moral e pode, inclusive, justificar a rescisão do contrato de trabalho de Giovane com o Timão.

"Clássica forma de assédio moral é esta de compelir a renovação contratual sob pena de barragem de atletas para integração dos trabalhos diários. O treinador, assim como o que eu nomeio de membros genuínos da comissão (coordenador técnico, treinador de goleiros, auxiliar técnico, preparador físico), são representantes do empregador na parte técnica-desportiva, independentemente da fraude contratual civil que os vincule ao clube/SAF. Então, caso sejam verdadeiras as descrições expostas em matérias jornalísticas a respeito, é um 'prato cheio' de provas para o pedido de rescisão indireta, via Justiça do Trabalho", afirma Rafael Teixeira Ramos, advogado especializado em direito desportivo e trabalhista.

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Theotonio Chermont, advogado trabalhista, explica que o clube pode afastar qualquer jogador que esteja em más condições, mas não há previsão legal para que esse afastamento ocorra com a finalidade de forçar o atleta a aceitar condições de trabalho que não sejam do seu interesse.

"É uma bizarrice sem tamanho em diversos aspectos. Primeiro, não cabe retaliação do clube, menos ainda através do técnico - e não da diretoria - a fim de forçar que os atletas afastados aceitem o que lhes foi oferecido. Trata-se de condenável chantagem explícita, a partir do momento em que foi expressamente admitida pelo treinador, algo pouco inteligente. O clube empregador tem o poder potestativo de afastar qualquer atleta que esteja em más condições, mas não há previsão legal para que esse afastamento ocorra com o intuito de forçar o atleta a aceitar condições de trabalho que não sejam do seu interesse. Trata-se de ato abusivo, ilegal e arbitrário que caracteriza assédio moral e justifica, inclusive, a rescisão indireta do contrato de trabalho, pois fere a dignidade humana do trabalhador e prejudica sua vida profissional e pessoal", comenta.

Geovane e Corinthians

A última vez que Giovane entrou em campo foi na partida contra o Flamengo, no último domingo (20), pela semifinal da Copa do Brasil, quando entrou no segundo tempo. Contra o Racing, porém, ele não foi relacionado.

Com a camisa do Corinthians, Giovane disputou 46 jogos, sendo 6 como titular, e anotou 4 gols. O vínculo do jogador com o Timão é válido até julho de 2025.

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