Lei em Campo

Lei em Campo

Siga nas redes
ReportagemEsporte

Gesto antirracista em jogos no Brasil é obrigação, mas é preciso ir além

A partida entre Brasil e Uruguai, nesta terça-feira (19), em Salvador, pelas Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2026, será marcada por mais um passo na luta contra o racismo. A partir deste confronto, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) implantará o Gesto Antirracista da Fifa em todas as partidas do futebol brasileiro.

Andrei Kampff, advogado, autor do livro Direitos Humanos e Esporte e dessa coluna, destaca que a adoção do gesto por parte da CBF é importante, mas que somente isso não basta.

"A medida segue uma orientação da Fifa, que tem adotado políticas para combater a discriminação no futebol. Agora, é preciso tornar a medida eficaz, identificando o responsável pela atitude criminosa e o banindo do esporte. Além disso, a Fifa já solicitou que as federações internacionais incluam em seus códigos disciplinares penas mais duras para atos discriminatórios, como a perda de pontos. É preciso regulamentar e punir. O direito tem esse papel, de mudar uma cultura, mas para isso ele precisa ser efetivo", afirma o especialista em direito desportivo.

"A Fifa abraçar esse debate e a CBF 'comprar' essa política é essencial. Na minha visão, as duas entidades estão atrasadas, mas fico feliz que tenham tomado uma atitude na luta contra o racismo. Lembrando sempre que estamos falando de algo óbvio e básico. O racismo é um crime inafiançável, uma violação de direitos humanos que destrói a estrutura de uma sociedade democrática", avalia a advogada Mônica Sapucaia, especialista em direitos humanos.

O gesto é uma forma de informar o árbitro que algum jogador está sendo alvo de racismo, levando ao início de um protocolo de três etapas. Em um primeiro momento, a partida será interrompida. Se o abuso continuar, a partida será suspensa, com os jogadores e dirigentes deixando o campo. Caso o incidente não cesse, na terceira etapa, o jogo será abandonado.

"A partida da seleção na Bahia, a cidade mais negra fora da África, marcará o lançamento oficial do protocolo contra atos racistas no futebol brasileiro. (...) Quando entrei para o Conselho da Fifa em março do ano passado, anunciei que a luta contra o racismo seria uma das minhas prioridades na organização. De agora em diante, o gesto será adotado em todas as partidas no nosso país. O racismo é um crime que afeta a alma", disse Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF.

Um dos principais personagens na luta contra o racismo no futebol mundial, o atacante Vini Jr. comemorou a decisão da CBF de adotar o gesto.

"Eu sempre acho que qualquer ajuda é muito bem-vinda. As pessoas pretas sofrem há muito tempo, e tem que chegar o momento em que tudo isso tem que acabar. Então, a Fifa, que é um nome muito forte, junto com a CBF e todos os jogadores, temos essa força para combater. Vamos seguir juntos, firmes e fortes, para que, no futuro próximo, as crianças que estão vindo tenham uma vida melhor", disse o jogador do Real Madrid e da Seleção Brasileira.

O gesto antirracista foi aprovado por unanimidade no 74º Congresso da Fifa, realizado em Bangkok, na Tailândia, no dia 17 de maio deste ano.

Continua após a publicidade

Nos siga nas redes sociais: @leiemcampo

Seja especialista estudando com renomados profissionais, experientes e atuantes na indústria do esporte, e que representam diversos players que compõem o setor: Pós-graduação Lei em Campo/Verbo em Direito Desportivo - Inscreva-se!

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.