Documentário conta feitos de atleta nas quadras e nos direitos civis
Um atleta pode ser um craque, ídolo ou ir ainda mais longe: se tornar lenda. Bill Russel foi um desses que conseguiu ir além. Um dos maiores jogadores da NBA entrou para história pelas conquistas em quadra e pela luta por direitos civis. Uma trajetória que merecia virar filme, e virou. Vamos para mais uma dica de férias, com a tabelinha entretenimento, esporte e direito.
A produção "Bill Russell: Lenda da NBA" esta na Netflix e conta a vida, os feitos em quadra e a coragem desse jogador de basquete dos anos 1950 e 60, Ser negro nos anos 50 nos Estados Unidos era ser agredido diariamente. Uma época em que a discriminação era institucionalizada e legalizada no país.
Bill Russell, um gigante
Nascido em Monroe, Luisiana, em 12 de fevereiro de 1934, Russel conviveu desde sempre com o preconceito. Não poder sentar em mesmo banco do ônibus, ter que usar banheiro diferente, não poder frequentar os mesmos lugares dos brancos. Nunca se intimidou. Aproveitou do talento, da garra e da coragem para ter no esporte um aliado para conquistas civis importantes nos Estados Unidos e no mundo.
A gente poderia aqui falar dos feitos em quadra, gigantes. 11 vezes campeão da NBA e medalha de ouro com os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de de Melbourne em 1956, cinco vezes recebeu o prêmio de MVP. A trajetória mostra muito mais em quadra. Mas aqui queremos destacar que a quadra o levou a feitos ainda mais importantes.
Seguindo os passos de pioneiros como Earl Lloyd, Chuck Cooper e Sweetwater Clifton, Russell foi o primeiro jogador afro-americano a atingir o status de superastro na NBA. Também foi, durante três temporadas (1966-69), jogador-treinador dos Celtics, tornando-se o primeiro treinador afro-americano da NBA.
As lutas frequentes contra o racismo deixaram Russell por muito tempo com um desprezo por torcedores e jornalistas. Ao se aposentar, Russell deixou Boston com um comportamento de amargura, embora sua relação com a cidade tenha melhorado nos últimos anos.
Devido às conquistas de Russel no âmbito dos Direitos Civis, dentro e fora da quadra, ele foi agraciado com a Medalha Presidencial da Liberdade por Barack Obama em 2011.
O documentário
O documentário que está rodando no Netflix mostra a lenda nas quadras e fora dela. Ele traz entrevistas exclusivas com o atleta além de várias fotos e vídeos inéditos do arquivo pessoal do atleta.
Para isso, o documentário é dividido em duas partes, totalizando cerca de 3h de conteúdo. Participam do registro histórico diversos rostos familiares do mundo do basquete, como Larry Bird e Stephen Curry, além de amigos e competidores próximos a Russell.
Russell faleceu em 31 de julho de 2022 e, desde então, vem recebendo diversas homenagens, como foi o caso da aposentadoria definitiva da camisa 6, número que ele usava enquanto jogava.
Dirigido por Sam Pollard, a produção vem recebendo elogios principalmente em relação à maneira que conseguiram passar a importância de Bill Russell para o esporte e para os direitos civis.
A força do esporte para transformar o mundo
Pela força que tem, o esporte é um agente catalisador de transformações sociais importantes. Tanto que ele e seus personagens já pararam guerras, e aproximaram povos; o esporte recuperou pessoas.
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Quero receberRussel ajudou a combater o preconceito e na luta por justiça social.
A ideia de ter o esporte como vetor de promoção e desenvolvimento da paz no mundo vem sendo pauta da ONU desde 2003, quando a Organização publicou a Resolução 58/5, intitulada "Esporte como um meio para promover educação, saúde, desenvolvimento e paz".
Inclusive na Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável, está escrito que o esporte é importante facilitador para a promoção do desenvolvimento e da paz, a partir da promoção da tolerância e do respeito e das contribuições que pode fazer para o empoderamento de indivíduos, como também para atingir objetivos como inclusão social, melhorar a educação e saúde no mundo.
Todos podem mais.
O esporte vai além do jogo, claro que vai. E ídolos têm papel importante quando não estão em campo, em quadra, ou numa pista. Eles não só podem, mas devem ser agentes de transformação social.
No Brasil, em especial os jogadores de futebol.
Já se falou por aqui que o futebol é um problema social, no Brasil e no mundo. Neymar, Dudu, Gabigol e bruxaria representam a exceção. Apenas 3% dos jogadores brasileiros ganham mais de 50 mil reais por mês, e conseguiram com talento driblar um destino de dificuldades e injustiças.
Venceram a lógica, e por isso já estão quites com o mundo? Eu acho que não.
É obrigação? Claro que não. Mas os feitos de quem entende esse caminho são grandiosos.
Um jogo tem tempo para terminar. Os feitos fora dela, não.
Olhem o exemplo de Russell. Olhemos todos. Está no Netflix.
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