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Luís Rosa

REPORTAGEM

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Fora da disputa, Seraphim aposta em vitória de Leila na eleição do Conselho

Seraphim Del Grande, presidente Conselho Deliberativo do Palmeiras - Fabio Menotti/Ag. Palmeiras
Seraphim Del Grande, presidente Conselho Deliberativo do Palmeiras Imagem: Fabio Menotti/Ag. Palmeiras

Colunista do UOL

24/02/2023 04h00Atualizada em 24/02/2023 20h04

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Ao longo dos últimos 30 anos, na costura de três acordos polêmicos, a figura do conselheiro Seraphim Carlos Del Grande, 83 anos, foi importante na gestão de crise entre os membros do Conselho Deliberativo e os parceiros do Palmeiras.

Nesse período, o Palmeiras formou três parcerias que deixaram o ambiente político do clube em alta efervescência: a cogestão com a Parmalat, decisiva para o fim da fila de títulos em 1993, com a conquista do Campeonato Paulista, a reforma do estádio, que deu a construtora WTorre a prioridade de usá-lo até 2044, o que pode impedir de o time jogar em sua casa, e o patrocínio com a Crefisa, que começou em 2015, fez o Verdão enfileirar taças e ajudou a pavimentar a chegada da empresária Leila Pereira à presidência.

O seu estilo conciliador de Seraphim, com trânsito fácil em todas as alas políticas do Palmeiras, foi decisivo para ser eleito cinco vezes presidente do Conselho Deliberativo. Poderia ganhar sexta a eleição, mas, no próximo dia 6 de março, Seraphim Del Grande encerrará a sua quinta passagem à frente do órgão, que conta com 300 conselheiros.

Ao UOL, Seraphim disse que chegou o momento de o Conselho Deliberativo ser comandado por novas lideranças.

Amigos próximos, porém, disseram que o desgaste na relação com muitos conselheiros, alguns deles amigos de longa data, e pontos divergentes com a presidente Leila Pereira contribuíram para que ele saísse de cena.

"Não tenho nada contra a Leila nem contra o seu marido [o conselheiro José Roberto Lamacchia].Temos alguns pontos divergentes, o que é natural na relação entre os três poderes do clube", disse Seraphim. Além da presidência e do Conselho Deliberativo, o COF (Conselho de Orientação e Fiscalização) é o terceiro órgão de disputa política dentro do Palmeiras.

Os candidatos a presidente e vice, que são eleições distintas, têm até esta sexta-feira, às 18h, para registrar as suas candidaturas.

Nesta quinta-feira, Seraphim Del Grande conversou, por telefone, com o UOL e traçou o cenário que aponta para uma divisão política e a vitória da situação para a presidente, com o seu vice Alcyr Ramos da Silva Júnior, e Maurício Camargo, como vice.

Acompanhem a entrevista:

Luís Rosa: As três alas políticas do Palmeiras dizem que o senhor dificilmente perderia essa eleição se fosse candidato. Por que decidiu não concorrer a mais um mandado?

Seraphim Del Grande: Eu tenho 83 anos, sou sócio do Palmeiras desde 1959 e conselheiro desde 1964. É a hora de dar oportunidades a outras pessoas, com outras ideias. Eu sempre vou procurar ajudar para que prevaleça a harmonia entre os três poderes.

Nessas conversas me disseram que a presidente Leila Pereira e o ex-presidente Maurício Galiotte tentaram mudar essa ideia.

Seraphim Del Grande: Sim, eles tentaram, mas eu sei que o meu trabalho continua e vou ajudar no que for possível. Como aconteceu na cogestão com a Parmalat, quando eu era vice-presidente e ligado ao futebol, depois com WTorre, que virou uma guerra e foi parar até na Justiça, e depois com a Crefisa, a eleição da Leila.

Eu sei que ajudei como um aglutinador político para que sempre prevaleça o bom senso em nome do Palmeiras, pois as disputas internas afetam dentro do clube e no futebol. Por isso, eu consegui conquistar o respeito de muitos conselheiros, tanto que tive três mandatos consecutivos e agora foram esses dois.

Alguns conselheiros também disseram que a Leila não ouve mais nem o senhor, e isso também foi um dos motivos para não disputar a reeleição à presidência do Conselho.

Seraphim Del Grande: Não é verdade. Sou presidente do Conselho Deliberativo e sempre estamos juntos quando necessário. Não tenho nada contra a Leila nem contra o seu marido [José Roberto Lamacchia].Temos alguns pontos divergentes, o que é natural na relação entre os três poderes do clube.

Quais são essas divergências?

Seraphim Del Grande: Não só eu, mas a maioria dos conselheiros acha que precisa ter de volta algumas facilidades para a compra de ingressos. Não é privilégio, é algo que nós sempre tivemos. Entendemos o papel do Avanti [programa sócio-torcedor], mas hoje ficou muito mais complicado, além do caso biometria [leitura facial] nas catracas do estádio. Achamos que precisava ser discutido melhor.

Além disso, eu não concordei com a forma como foi feita a eleição dos conselheiros vitalícios.

Nota da redação: como promessa de campanha, caso vença o candidato da situação, Leila dará de volta o desconto de 50% para o segundo ingresso dos conselheiros, que atualmente só possuem a gratuidade para um ingresso.

Em dezembro do ano passado, na eleição de sete cargos a vitalício, sem o apoio de Leila, somente dois conselheiros foram eleitos e ambos apoiadores da oposição.

Se nada mudar até esta sexta-feira, serão no mínimo três candidatos a cada um dos cargos. Isso é favorável ao candidato da situação, correto?

Seraphim Del Grande: Veja bem, o Alcyr registrou a candidatura e tem o apoio da situação e, pelo que eu ouvi de conselheiros, o Roberto Silva quer disputar como candidato independente e atrair votos dos descontentes da situação e da oposição. O [Carlos Antônio] Faedo deve ser o terceiro nome, mas ele não tem apoio, pelo que me falaram, do [ex-presidente] Mustafá [Contursi]. A posição pode lançar um segundo candidato.

Se forem esses três, o Alcyr deve ser eleito. O Conselho vai estar em boas mãos. Não é porque é meu vice, os outros dois também foram, o Alcyr é uma pessoa correta, conhece muito bem a história do clube e é aberto ao diálogo.

Nota da redação: no começo da noite, após o término do prazo para registro das candidaturas, o Palmeiras divulgou que serão três conselheiros que vão disputar a presidência e dois para a vaga de vice-presidente.

Presidente: Alcyr Ramos da Silva Júnior (situação), Carlos Antonio Faedo (oposição) e Roberto Silva (independente).

Vice-presidente: Maurício Alves Camargo (situação) e Felipe Giocondo Cristovão (oposição).