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Luís Rosa

REPORTAGEM

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Por que Abel Ferreira evita manter jogadores de frente até o fim dos jogos?

Obediente ao esquema tático, Dudu é exemplo de doação ao time do Palmeiras e arma para encarar o Fortaleza -  DHAVID NORMANDO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Obediente ao esquema tático, Dudu é exemplo de doação ao time do Palmeiras e arma para encarar o Fortaleza Imagem: DHAVID NORMANDO/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

31/05/2023 04h00

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Uma das estratégias que o técnico Abel Ferreira deve utilizar para segurar o Fortaleza, nesta quarta-feira, no estádio Castelão, na capital cearense, para tentar conquistar a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil vai ser, provavelmente, sacar alguns dos principais jogadores do setor ofensivo, algo que virou rotina no decorrer dessa maratona de jogos.

Por ter vencido a partida de ida, no dia 17 de maio, por 3 a 0, no Allianz Parque, o Palmeiras pode perder por até dois gols de diferença. Para levar a partida para as penalidades, o Tricolor cearense precisa dar o troco na mesma medida. Sem precisar dos penais, o mandante tem que golear, no mínimo, com vantagem de quatro gols.

No último domingo, durante a partida contra o Atlético-MG, no estádio do Mineirão, muitos palmeirenses reclamaram nas redes sociais, quando, aos 19min do segundo tempo, o técnico Abel Ferreira substituiu o atacante Dudu, que estava bem na partida e tinha anotado o gol do empate, 12 minutos antes.

O camisa 7, que deixou a partida junto com o volante Gabriel Menino, saiu do gramado do Mineirão contrariado, mas nada que abalasse a relação com o treinador, já que o próprio comandante reconhece que Dudu é o jogador que não gosta de deixar o campo de jeito nenhum e é exemplo de comportamento em prol da equipe.

A coluna apurou que, ao retirar Dudu de um jogo tão importante, mesmo sabendo do risco do time, como aconteceu, perder a força ofensiva, Abel segue um plano traçado em conjunto com os profissionais do Núcleo de Saúde e Performance de controle rígido do quanto os atletas suportam a sequência de jogos.

Na prática, digamos, é meio estranho dizer, o treinador poupa os jogadores e faz rodízio na equipe sem dar descanso total. Seria o mais comum não os levar para as partidas.

Isso se acentuou desde a formação do quarteto ofensivo, formado, como define Abel, pelos "aceleradores" de jogadas, Raphael Veiga, Artur, Dudu e Rony.

Eles têm funções bem definidas, seja para armar as arrancadas rumo à defesa adversária em alta velocidade, ditar o ritmo no toque de bola e dar o combate na marcação, que começa com eles, inclusive acompanhando laterais, volantes e zagueiros.

Por causa disso, os quatro homens precisam dar tudo o que podem, mas é preciso tomar muito cuidado, substituí-los não importa a situação da partida, para que eles não sofram graves lesões.

Desde que os quatro começaram a atuar juntos, no clássico contra o Corinthians, no dia 29 de abril, isso acontece com frequência e é uma das razões para o Palmeiras ostentar a marca de 15 partidas sem derrota, sendo o único invicto entre os clubes que disputam o Campeonato Brasileiro.

Nessa sequência, até o empate contra o Galo, o Palmeiras realizou nove partidas. A situação dos quatro envolvidos em relação às substituições é a seguinte:

Raphael Veiga não ficou em campo até o fim em nenhuma delas.

Rony também terminou mais cedo a sua participação em todas as suas partidas, mas é importante destacar que, contra o Fortaleza, edeixou o campo aos 47min. da etapa final.

Dudu deu "sorte". O camisa 7 não foi substituído no clássico contra o Corinthians e escapou também diante do Goiás. Assim, marcou seu primeiro gol na temporada. Na entrevista coletiva, o técnico Abel Ferreira brincou e disse que premiou o jogador e acabou dando muito certo, pois ele espantou a maré de azar.

Para entender a importância de como é dado o descanso para o quarteto, basta olhar para o caso de Artur, que não atua na Copa do Brasil por já ter disputado a competição pelo Red Bull Bragantino. Portanto, o camisa 14 não enfrentou o Fortaleza. Na sequência, mesmo descansado, foi substituído no clássico contra o Santos, na Vila Belmiro.

Porém, nas duas últimas partidas, contra o Cerro Porteño, em Assunção, no Paraguai, quando marcou dois gols e o Palmeiras jogou boa parte da partida com um homem a mais, e diante do Galo, Artur completou o tempo integral. Nesta quarta-feira, ele não encara o Tricolor cearense e deve ser substituído por Bruno Tabata.

Além dessas duas partidas, Artur também completou o jogo contra o Goiás. Neste encontro, o atacante abriu o marcador na goleada por 5 a 0, em Goiânia.

Por fim, vale destacar que os outros sete titulares, que possuem funções mais defensivas, costumam ficar até o final e só saem ou não jogam em casos de contusões, suspensões, risco de serem expulsos ou raras mudanças táticas.