Luís Rosa

Luís Rosa

Siga nas redes
Opinião

Menos ufanismo e mais pés no chão com a seleção feminina de futebol

Na maior edição da Copa do Mundo Feminina da história, com 32 países na disputa, que tem o seu primeiro dia nesta quinta-feira, a seleção brasileira, que estreia na próxima segunda-feira, contra o Panamá, às 8h (horário de Brasília), chega muito bem preparado, mas não pode ser apontada como uma das grandes favoritas ao título.

Por isso, tome muito cuidado para não entrar no clima de ufanismo que tomou conta por quem trata o evento como puro entretenimento, e não como uma competição duríssima, que tem tudo para continuar sendo dominada por países que investem mais e possuem maior fartura de talentos.

Decidi ser tão cauteloso após conversar com muitos jornalistas, a maioria mulheres, que acompanharam o dia a dia das seleções, durante este ciclo, até chegarmos à nona Copa do Mundo Feminina, com a novidade de ser em dois países como sedes, no caso Austrália e Nova Zelândia.

No nosso bolão de apostas, o Brasil tem bola para chegar às quartas de final, como aconteceu na Olimpíada do Japão, disputada em 2021 por causa da pandemia da covid-19. Interessante que, nos Jogos Olímpicos, a seleção brasileira caiu nos pênaltis diante do Canadá, que também era um azarão, mas cresceu e levou a medalha de ouro.

Por dever de ofício, eu também fiquei de olho, desde o ano passado, em boa parte das principais competições femininas, no caso a Liga dos Campeões da Europa, vencida pelo Barcelona, a Copa Libertadores, com a surpreendente vitória do Palmeiras, e o Campeonato Brasileiro, dominado há três temporadas pelo Corinthians.

Só para não dizer que estou abusando do pessimismo, devemos reconhecer, é importante enfatizar o tardio aumento significativo de investimento para dar condições melhores na estrutura do futebol feminino no Brasil.

Assim, sob o comando da sueca Pia Sundhage, que está no cargo desde 2019, 11 das jogadoras convocadas vão encarar pela primeira vez uma Copa do Mundo, algo que, esperamos, não seja um fator limitante para as atletas.

Essa renovação da seleção brasileira faz com que o Brasil não dependa da grande estrela do elenco, Marta. Em sua sexta participação, a camisa 10, 37 anos, eleita a melhor atleta do mundo seis vezes, não consegue mais fazer a diferença com a sua técnica nem o seu corpo possui tanta explosão física. Assim, ela ficará na reserva, uma espécie de trunfo para o segundo tempo.

No plano traçado pela treinadora sueca, a força do Brasil está no conjunto e na disciplina tática, algo que as seleções favoritas, Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, Suécia e Espanha, têm como ponto forte há muito mais tempo.

Continua após a publicidade

O Brasil vai parar?

Ruas pintadas, buzinaços, bares lotados e dispensa do trabalho. Tudo isso, em massa, por enquanto, continua sendo privilégio do futebol masculino, que não ganha uma Copa do Mundo desde 2002.

Apesar disso, os servidores federais e alguns estaduais e municipais serão beneficiados com o ponto facultativo. Exceto, claro, em serviços essenciais.

No mais, no setor privado, veremos a normalidade no país nos dias de jogos da seleção brasileira. Na agenda da primeira fase, pelo Grupo F, além da contra o Panamá, depois o Brasil encara a França, no dia 29, às 7h, e fecha a participação contra a Jamaica, no dia 2 de agosto, às 7h. O início dos jogos são pelo horário de Brasília.

Em um exercício de futurologia, sendo um dos dois classificados, o adversário sairá do Grupo H, que tem Alemanha, Coreia do Sul, Colômbia e Marrocos. Se der a lógica e as alemãs ficarem em primeiro, é bom o Brasil não terminar na segunda colocação, pois, neste caso, vai pegar uma pedreira logo de cara.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

Só para assinantes