Ramon Menezes diz o óbvio ao lamentar a saída precoce de jovens atletas
Responsável por lapidar a nova geração de jogadores brasileiros, o técnico Ramon Menezes manifestou uma preocupação com a idade cada vez mais precoce com que os atletas deixam o país tendo como destino, principalmente, o futebol europeu.
Na entrevista ao jornalista Luciano Trindade, da "Folha de S. Paulo", Ramon Menezes, que está à frente da seleção brasileira sub-23, que vai disputar o Pan-Americano no Chile, no mês que vem, e buscará uma vaga para os Jogos Olímpicos de Paris, no ano que vem, não deu soluções para diminuir o ritmo de transferências dos atletas, além de analisar com obviedades as formas como os jogadores terão que lidar para evoluir no novo mercado.
As questões levantadas pelo treinador não são novas. Desde o início deste século, diante do estado de penúria que vivem muitos clubes, os dirigentes entendem que é preciso ser rápido e ligeiro na produção de atletas. Assim, negociar os jogadores em formação virou questão de sobrevivência.
Se formos pensar friamente, não é só com os talentos do futebol brasileiro. Os principais países da América do Sul seguem como fornecedores de mão de obra barata para servir aos antigos colonizadores.
Ou seja, mal comparando, jogador de futebol é uma espécie de "commodity". Eles são "produzidos" em larga escala, e os mais talentosos, mesmo com pouca experiência ou nenhuma no time principal, vão embora para alívio dos cofres dos clubes, geralmente para pagar dívidas.
Por isso, os torcedores se espantam quando veem na lista dos convocados para os amistosos da seleção sub-23, nesta quinta-feira e na próxima segunda-feira, contra o Marrocos, que serão disputados naquele país, nomes como Robert Renan (zagueiro do Zenit-RUS), Morato (zagueiro do Benfica-POR), Vinícius Tobias (lateral direito do Real Madrid-B), Igor Paixão (atacante do Feyenoord-HOL) e João Pedro (atacante do Brighton-ING).
Assim como acontece com a seleção brasileira principal, o que é sempre controverso, só de estar no futebol europeu colocam os jogadores em vantagem em relação aos que atuam por aqui, mas com menor impacto.
Na lista inicial de Ramon Menezes, dos 23 convocados, 11 são "europeus". Porém, neste domingo, o ex-palmeirense Danilo (Nottingham Forest-ING) e o ex-flamenguista João Gomes (Wolverhampton), ambos volantes, foram cortados por causa de contusões. Alexsander, do Fluminense, e Gabriel Moscardo, do Corinthians, foram chamados.
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