Quatro horas em meio aos palmeirenses, eu vi crônica da queda anunciada
Eram 16h14, quando mandei uma mensagem para um amigo, que não via havia quase seis meses, avisando que tinha chegado ao shopping Bourbon, vizinho ao Allianz Parque, onde iríamos colocar a conversa em dia.
Por ser escalado para a live do Fim de Papo do UOL Esporte, que começaria após o apito final, eu não poderia cobrir a partida, que terminou com a quarta vitória seguida do Boca Juniors sobre o Palmeiras em um mata-mata.
Com o detalhe, todas com o segundo jogo com mando de campo verde e branco. Na final de 2000, nos pênaltis no Morumbi. E nas semifinais de 2001 e 2023, também em penalidades, e em 2018, com o empate.
Até nos despedirmos, por volta das 20h, o que mais me chamou a atenção foi a desconfiança. Por mais que os palmeirenses fizeram a tradicional festa na rua Palestra Itália, antiga Turiassu, no fundo, no fundo, o clima era de temor, pessimismo, o receio de que o pior estava mais próximo do que eu poderia imaginar.
Classificação e jogos
Fui setorista do Palmeiras durante oito anos, vi in loco o primeiro título da Copa Libertadores e também o primeiro rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro. Assim, aprendi a detectar o humor do torcedor palmeirense, para o bem e para o mal. Eles sabem quando as coisas não andam nos eixos, mas a esperança é a última que morre, ensina o bom e velho ditado.
Dessa vez, parecia a crônica da morte anunciada. Vamos dar os nomes e elencar o que, para muitos torcedores que conversei, alguns revoltadíssimos, e outros que ouvi as conversas como bisbilhoteiro, deixaram o ambiente carregado.
A presidente Leila Pereira é vista como uma "egocêntrica" que pensa mais em se promover, que trata o Palmeiras como um "brinquedinho" de luxo e assim não investiu em contratações de jogadores de peso.
O técnico Abel Ferreira é "fantástico", "fez o Palmeiras mudar de patamar", mas, isso eu concordo, nos últimos dois meses tomou decisões equivocadas na montagem da equipe titular e, sim, é um dos responsáveis pelo pobre repertório da equipe.
Soma-se a isso, a fatalidade da contusão de Dudu, e outros jogadores como Raphael Veiga, Rony, Artur caíram muito de rendimento.
Coube aos garotos da base, apesar da pouca experiência, darem um alento, como foi no segundo tempo nesta fatídica queda diante do Boca Juniors pela quarta vez consecutiva.
Fim da linha para Abel Ferreira?
O ano do Palmeiras acabou. Já que o treinador tem repetido que o Botafogo deve ser campeão brasileiro, o jeito é brigar por uma vaga direta à fase de grupos da próxima Copa Libertadores.
Convenhamos, pela expectativa criada, é muito pouco para a torcida, que tomou chuva, pagou ingresso caro, apoiou do começo ao fim, isso porque muitos que estavam ali foram para as redondezas do estádio apenas para manifestar o apoio, já que não tiveram dinheiro para comprar os ingressos.
Nas projeções antecipadas em caso de derrota, os palmeirenses elencaram também o que esperam de mudanças: a saída da presidente. Impossível. A contratação de reforços. Deve acontecer, mas não esperem jogadores de ponta. Faxina no elenco. Sim, alguns medalhões estão com os dias contados.
O caso de Abel Ferreira e sua comissão técnica é uma grande incógnita. A cada entrevista coletiva, eu vejo o treinador desconectado da realidade e com paciência zero.
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Quero receberDisse na live do Fim de Papo do UOL Esporte se não é o momento de as partes se reunirem e encerrarem o ciclo amigavelmente. É evidente que Abel não vai ser demitido ou ele vai deixar o cargo, mas vejo muitos sinais de que o ciclo dele está chegando ao fim.
É a velha história, os homens passam, e as instituições ficam. O que Abel Ferreira, contratado no dia 30 de outubro de 2020, construiu uma história brilhante, mas tem dado munição para que o amor se transforme em críticas pesadas.
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