Luís Rosa

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Como é bom reviver e se divertir como torcedor-raiz

Poucos minutos após o Palmeiras encerrar com vitória, por 3 a 1, a partida número 300 na história do Allianz Parque, a arena que remodelou o antigo Palestra Itália, eu fui reconhecido por dois torcedores.

Com o setor superior sul quase vazio, o diálogo foi assim:

"Ei, você não é o Luís Rosa!?!", perguntou um torcedor palmeirense que estava um dar acima de mim.

Respondi apenas "sim, sou eu".

Na sequência, ele se virou para um amigo e completou. "Não falei que era o Luís Rosa".

Agradeci timidamente, e os dois disseram que costumam assistir às lives do UOL Esporte.

Retornar ao local onde se tornou uma verdadeira escola de jornalismo esportivo tornou a minha noite muito especial.

Fui setorista do Palmeiras de 1998 a 2006, e esporadicamente aparecia por lá em algumas vezes, tanto que estive em outros tantos jogos, como foi o caso do primeiro jogo oficial da casa modernizada, de triste lembrança para os palmeirenses.

No dia 19 de novembro de 2014, o Sport de Recife venceu por 2 a 0.

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Costumo dizer que era um outro mundo quando da minha última presença em um estádio de futebol, no qual, claro, nem imaginávamos que passaríamos pela tragédia da pandemia da Covid-19.

Foi justamente neste Allianz Parque, no dia 8 de maio de 2019, vitória palmeirense, por 1 a 0, sobre o San Lorenzo, pela fase de grupos da Libertadores.

Retornamos ao jogo 300. Apesar de curtir uma de torcedor, em alguns momentos, o repórter também se fez presente.

Sou um torcedor-raiz. Por isso, fiquei todo o jogo de pé. Claro, a dificuldade de visão do setor faz com que a maioria dos presentes ignore que existem cadeiras devidamente numeradas.

Se é para ser torcedor, tem que seguir o roteiro básico, ou seja, cantei, gritei e reclamei de algumas tomadas de decisões dos jogadores.

Ponto alto da chiadeira, dentro e fora de campo, a arbitragem de Wagner do Nascimento Magalhães.

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Como muitos palmeirenses reclamam, além do preço do ingresso não ser acessível a todos, o consumo de produtos comestíveis também não é fácil. Um copo de 200 ml de água, por exemplo, a R$ 8,00 dói no bolso.

Enfim, vale destacar também o espetáculo de som e luzes e muita mais muita publicidade nos telões. Antes de a bola rolar, a apresentação do meia Felipe Anderson, novo dono da camisa 9, em eleição popular, teve o seu primeiro dia de estrela.

Eu sei, desde que a arena multiuso foi inaugurada é assim, ou seja um caminho sem volta.

O torcedor-raiz como eu é cada vez mais uma espécie em extinção. Doeu demais, quando, aos 45 minutos do segundo tempo, alguns torcedores começaram a ir embora.

E o jogo?

Bom, o palmeirense é um ser que vai da euforia ao estresse em segundos. Da mesma forma, a relação de amor e ódio, principalmente com Rony, que eu vi pela primeira vez ao vivo.

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Ninguém pode reclamar da sua entrega em cada bola. É tão intenso que acaba cometendo erros que levam os torcedores à loucura.

O técnico Abel Ferreira é um personagem à parte com a sua ira contra a arbitragem. Nesta quinta-feira sobrou para um copinho d?água, que foi chutado para longe.

A "equipa" comandada pelos portugueses é dona de uma força mental incrível, que alia força e raça dos estrangeiros Gustavo Gomez, Piquerez, Aníbal Moreno e Flaco López, que cresceu muito e espantou a desconfiança dos torcedores.

Soma-se a isso a experiência e o talento de Weverton, Raphael Veiga, Mayke e os crias da base Vitor Reis, Gabriel Menino e Estêvão, que já podemos dizer é craque e só precisa se cuidar para não se deixar levar pela badalação.

Dos reservas, o mais badalado foi o atacante Dudu. Poucos minutos após o terceiro gol, o coro de "Dudu Guerreiro" ecoou por todo o estádio.

Um sinal claro que a maioria dos torcedores reprovam, eu me incluo nessa, a troca com Gabigol do Flamengo.

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Em meio a tudo isso, tão importante quanto, são os torcedores, sob a regência dos membros das organizadas, que puxam o ritmo dos cânticos do começo ao fim da partida para que não fique uma atmosfera que lembre o público de teatro.

Foi esse Palmeiras que teve que jogar no seu máximo para vencer o Atlético-GO, com gols de Flaco López, Raphael Veiga e Alix Vinicius, contra. Shaylon anotou para o Dragão.

Nesta caminhada de 300 jogos, o Palmeiras venceu 200 partidas, empatou 58 e foi derrotado em 42 oportunidades.

Com os resultados desta 16ª rodada, o Palmeiras subiu para a segunda colocação com 33 pontos, a mesma pontuação do Botafogo, que lidera no critério de desempate melhor ataque (27 a 25).

Na próxima quarta-feira, um jogo para lá de eletrizante. Os dois vão se enfrentar no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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