Luxemburgo: "Existe uma pandemia que mata. Não dá para jogar futebol"
"Estou mais entocado que tatu", disse um bem-humorado Vanderlei Luxemburgo, em quarentena radical desde o começo da pandemia do novo coronavírus, que topou dar uma entrevista virtual a esta blogueira nesta terça-feira.
Famoso pelas inovações que trouxe para o futebol quando surgiu meteoricamente como técnico na década de 1990, Luxemburgo admitiu que nunca jogou vídeo game ou havia usado tantas ferramentas tecnológicas para trabalhar. Com a ajuda das filhas, depois de mais de 2 meses de bola parada, já não tem tantos problemas para monitorar igual "segurança" os quadradinhos dos treinos físicos em tempo real, ao mesmo tempo que pela primeira vez fez palestras online para seus jogadores.
Em conversa de quase 40 minutos hoje, falou do seu recente 68º aniversário (em que foi homenageado por Fifa, Uefa, Real Madrid - um prestígio que parecia estar em xeque nas últimas temporadas), da novidade dos treinos virtuais que tem acompanhado com a ajuda do escritório montado para isso, de como as mudanças de calendário de competições afetaram seu planejamento, de como pretende usar a regra das cinco substituições para favorecer o seu Palmeiras na retomada dos jogos, de como enxerga o futebol em meio a pandemia e também como enxerga a pressão de setores do futebol para antecipar à volta dos jogos - destaque-se que (vou desenhar para uma minoria que pode ainda não saber), por ser uma entrevista em que a jornalista pergunta a e o entrevistado responde, foi provocado a responder sobre o encontro de presidentes de Flamengo e Vasco com Jair Bolsonaro.
Quando tudo isso acabar, passar ou alguma saída científica for achada para que a bola possa rolar, o primeiro jogo do Palmeiras será contra o Corinthians em Itaquera. Para isso também haverá um protocolo especial. Está gravado. Posso provar!
Segue alguns dos principais pontos:
- Aniversário durante a pandemia:
"Sobre as críticas dos últimos anos, não acontece só comigo. Até o Telê Santana foi chamado de burro aqui no Brasil... (Sobre as mensagens das entidades) Recebi muitas mensagens mesmo. Mas isso só foi mais notícia porque estamos em notícia, né? Tive de festejar em casa, com conferência virtual e WhatsAspp, mesmo."
- Sobre treinos físicos virtuais:
"Já tive de abandonar o Ipad, que não cabia a imagem de todo mundo. A conexão ficava caindo. Agora faço em um desktop grandão, vejo todo mundo em tempo real. Fazemos isso porque é isso que dá para fazer. Mas os planejamentos também mudam, porque não temos datas de retorno e não podemos forçar algumas atividades."
- Sobre os treinos táticos virtuais?
"Fiz pela primeira vez palestras online para os jogadores. Pegamos os números dos nossos jogos deste ano, pegamos os números dos últimos campeões do Brasileiro e da Libertadores: juntamos isso numa exposição de um conteúdo interessante para os atletas. Não adianta em colocar só porcentagem, mapa de calor... Temos que fazer uma conversa que eles se interessam e entendam."
- Sobre inovações nas regras do futebol:
"Achei boa a ideia das cinco substituições e vamos claro colocar isso no nosso planejamento, até porque sei que não termos uma semana para trabalhar: será terça, quinta e domingo; ou quarta e domingo. Mas não mudei de ideia. Quero ter os 11 titulares do Palmeiras. Quero que os atletas estejam sempre motivados a ganhar as suas posições. Posso ter jeitos de jogar, mas vou ter 11 titulares."
- Sobre lobby de clubes para retomar o futebol:
"O futebol não tem que voltar para mostrar para o resto da sociedade que dá para voltar. O futebol está dentro do Brasil no mesmo contexto da pandemia. A mesma realidade. Isso que dá para falar sem politizar. Todo mundo sabe as minhas opiniões políticas, que nada têm a ver agora. O que tem é uma pandemia que mata as pessoas! Não dá para jogar agora. E não dá para expor ninguém. Aqui no Palmeiras, como disse o presidente Maurício Galiotte, vamos retomar as atividades quando as autoridades da saúde disserem que dá para voltar, que pode voltar, que há condições para voltar. Quando alguma autoridade disser que há condições, voltaremos. E voltaremos de um jeito especial, porque o vírus ainda estará circulando."
- Sobre a reunião dos presidentes de Flamengo e Vasco com presidente Bolsonaro:
"Não quero falar de outros clubes que tomaram decisões isoladas. O Palmeiras tomou a decisão sábia e equilibrada de, ao entender que existe um problema de saúde, de uma doença mortal, não expor seus atletas e seus profissionais sem a autorização de órgãos oficiais."
- Sobre os protocolos para a volta do futebol:
"Será uma realidade diferente, então entendo essas regras de não cuspir, de não comemorar gol... Mas durante a pandemia. Depois não dá. Futebol não é igreja nem pode virar. Não dá para cortar tudo do futebol."
- Sobre o Corinthians x Palmeiras, primeiro possível jogo depois da quarentena:
"Um jogo super importante para conseguir uma vantagem, ainda que pequena, nas próximas fases do Paulista. Além de ser um clássico que tem muito peso para os dois lados! Vamos para Itaquera para ganhar."*
*Nota dessa blogueira - favor entender que o blog é meu, a entrevista é minha e a opinião também: ficou acertado com o técnico Luxemburgo um protocolo especial para esse jogo. Resumindo: o Palmeiras não marcará, não jogará e não ganhará. A entrevista gravada será postada aqui em breve para dirimir quaisquer dúvidas.
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