2020 e contando: mais um caso de machismo no estádio
Cedo hoje espaço aqui no meu Blog para um relato da torcedora Carolina Leite, integrante de um coletivo de torcedoras são-paulinas chamado "Poder Feminino SPFC". Recebi a denúncia por mensagem, vi as reproduções e prints das ameaças recebidas, e não posso calar. Não podemos calar. Não podemos achar normal. Não podemos ser omissos.
Não basta não ser machista: temos que ser feministas.
Temos que lutar por respeito: é o mínimo.
Leiam e reflitam: é possível aceitar um mundo assim?; uma arquibancada assim?
"Bom dia Marília,
Me chamo Caroline e sou representante é administradora do Movimento Poder Feminino SPFC. Estou entrando em contato referente ao caso mais recente sobre machismo e agressão.
No dia 5 de julho, em meu perfil oficial do Instagram, recebi muitos comentários em minhas publicações me ofendendo explicitamente. Fiquei sem entender por que isso estava acontecendo e, imediatamente restringi os comentários. No dia 6 de julho, começaram então as ameaças diretamente no meu direct por meio de vários perfis falsos: se eu não deixasse o movimento, iriam me encontrar nos jogos e me agrediriam fisicamente (e mais). No dia 7 de julho a situação começou a se agravar. As ameaças continuaram insistentemente, exigindo minha saída da administração do movimento Poder Feminino e de qualquer coisa relacionada à torcida. Começaram a ameaçar não só a minha integridade física, mas também a divulgação de meus dados pessoais como endereço, CPF, RG, nome completo. Na mesma hora bloqueei o perfil, e fiz um desabafo no meu perfil do Instagram, contando o que estava acontecendo pelo simples fato de ser mulher e participar de um movimento de luta e torcida feminina. Tomei as medidas judiciais cabíveis, abri boletim de ocorrência e aguardo resultados.
É extremamente revoltante receber tais ameaças, passar por essa situação toda simplesmente por lutar pelos meus direitos, pelo direito da mulher. De imediato, fui abraçada pelas integrantes do movimento e também por amigos de outras áreas do esporte. Algumas páginas referentes ao time também manifestaram solidariedade.
O movimento Poder Feminino SPFC é originado de um grupo de WhatsApp, formado em outubro de 2018, apenas para torcedoras são paulinas com o intuito de criarem vínculos amigáveis, e assim ter companhia em dias de jogos no estádio. Após uma integrante também receber insultos por parte de um torcedor, o grupo foi então denominado a movimento para lutar por respeito e igualdade da mulher na arquibancada e, procurando quebrar preconceitos desmontar visões machistas de que estádio não é lugar para mulher. Começamos então a dar mais ênfase ao futebol feminino.
O movimento hoje tem como objetivo dar voz ativa para a mulher dentro e fora de campo, incluindo as categorias de base e o futebol profissional de ambos gêneros. Lutamos para conquistar o respeito daqueles que permanecem com o pensamento retrógrado de que o lugar de mulher é em casa, no fogão, para quem sabe um dia ter poder para quebrar de vez essa discriminação.
Agradeço desde já o interesse, e toda a atenção recebida.
Cordialmente,
Poder Feminino SPFC"
Não é infelizmente um caso inédito. Espero que seja um dos últimos.
De novo: não basta não ser machista. Não podemos ser omissos.
Os dirigentes do SPFC, que adoram agradar organizadas quando precisam, também tem obrigação de proteger suas torcedoras. De respeitá-las. De enxergá-las.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.