Topo

Marília Ruiz

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

"Outras gestões erraram, mas ganharam tudo", diz presidente do Corinthians

12/05/2021 09h45

São 120 dias à frente de um Corinthians muito endividado (muito), pouco empolgante esportivamente, fortemente impactado pelos desdobramentos da pandemia do novo coronavírus. Em entrevista exclusiva ao BLOG, Duílio Monteiro Alves falou da nova rotina, das dívidas (do clube e da Arena), do calendário (e de apoiar uma conversa para uma reformulação), da aposta na base, da relação com as organizadas, do prestígio de Mancini (a cotação ontem estava alta) e sobre o futebol(zinho) do time em 2021.

A conversa de mais de 40 minutos será postada aqui na íntegra na sexta-feira (14). Antes, em tópicos, apresento algumas das principais declarações do dirigente. Democraticamente cornetei, critiquei e ouvi as explicações de Duílio. Sempre bom lembrar que uma entrevista, não é um debate.

Boa leitura de alguns trechos! A entrevista completa você poderá assistir no Bandsports!

****

Marília Ruiz: O Corinthians é dirigido há 12 anos pelo mesmo grupo político. Como o clube chegou na situação financeira que agora você, como presidente, encontrou?

Duílio Monteiro Alves: A manutenção é a vontade do sócio. As outras gestões erraram, sim, mas conquistaram tudo e o Corinthians pode construir um patrimônio. Agora temos uma dívida para pagar, porque tudo isso tem um preço. Mas estou animado e confiante. Nos anos passados, o foco maior foi para a conquista dos títulos, para construção dos CTs e da Arena. Hoje o Corinthians precisa de uma transformação na parte administrativa para a gente profissionalizar o clube.

MR: Por isso as principais ações da nova gestão foram as contratações de empresas de reestruturação e de renegociação dívida?

DMA: A empresa Falconi está fazendo a fotografia do momento do clube. Os estudos estão sendo apresentados para definirmos planos de ação. E a KPMG foi contratada para renegociar as dívidas existentes. Precisamos organizar um fluxo de caixa para não sofrer mais como sofremos nos últimos anos.

MR: E a avaliação do futebol nesta temporada?

DMA: As previsões pessimistas são normais e já passamos muitas vezes por isso aqui no Corinthians. Aconteceu isso em 2017, 2018 e 2019... Muitas vezes o início da temporada não reflete o que vai acontecer no final dos torneios. O time é competitivo. Estamos nas quartas (a entrevista foi feita horas antes do jogo contra a Inter de Limeira) e em meio a uma reformulação de elenco. É claro que esse não era um ano para títulos, temos que ser sinceros com a torcida, mas o Corinthians é muito forte: torcida, camisa e base. Não contratamos nenhum atleta, nossa ideia é essa: queremos usar a base que tem qualidade.

MR: Mancini está prestigiado? Estou perguntando isso antes de um mata-mata...

DMA: O time vem evoluindo. É um momento de transação. Não contratamos nenhum jogador e ainda teve a saída de vários. Subiram muitos jovens. Enxergo melhorias no meio de tudo isso, jogos a cada 48h, pandemia... Entendo que futebol exige tempo. Lógico que o desempenho ficou muito abaixo no fim da temporada passada. Mas vejo evolução no time com garotos, com os 3 zagueiros. Tá bom? Lógico que não tá bom. O Corinthians tem que render muito mais e em condições para isso. Não estamos satisfeitos, mas enxergamos uma evolução na reformulação total. É um time já muito mudado; são 3 ou 4 titulares se compararmos com um mês atrás. Se for com vitórias, muito melhor, para ter mais tranquilidade para trabalhar.

MR: Por falar em tranquilidade, gostaria de falar de um tema polêmico. Por que um presidente de cube precisa receber organizadas? Você já precisou fazer isso em menos de 4 meses de mandato.

DMA: Primeiro não acho que tem que receber, não tem essa obrigação. Para ser justo, a maioria que eu recebi foi por ter sido eleito. Vieram saber dos meus planos para os próximos 3 anos. As manifestações e críticas foram no CT. Da mesma forma que eu recebo sócios e torcedor comum, eu recebo os organizados.

MR: Da mesma forma não é... Um torcedor comum não chega ao clube e é recebido para debater o futebol do time.

DMA: As organizadas representam uma quantidade grande de torcedores. Ficam mais fácil receber 1 que está representando 100 mil, como no caso da Gaviões da Fiel. As organizadas ajudam o Corinthians, viajam para qualquer lugar do mundo. Eles apoiam e vivem pelo Corinthians.

MR: Uma das ideias dos organizados, foi a "vaquinha"... Vai vingar?

DMA: Sou contra. O clube tem muitos produtos e formas de contribuir. Há o "Fiel Torcedor", pode ser sendo sócio do clube, consumindo licenciados... Alimentar a paixão sem ser doação. Cabe ao nosso marketing criar.

MR: Depois da novela dos "naming rights" da Arena, agora há a novela do acordo com o Caixa. Como está?

DMA: A questão está resolvida e acertada. Existe burocracia de assinatura de contrato porque envolve a Caixa, envolve o Corinthians, envolve o Fundo Arena. É muito dinheiro. Mas estamos finalizando a formalização do acordo. O Corinthians deve aproximadamente R$ 570 milhões, acertou a venda do "naming rights" por R$ 300 milhões, e teria um saldo a pagar de 270 milhões aproximadamente em 20 anos com carência neste primeiro ano. Com isso acertado, o clube teria aproximadamente 50% das receitas da Arena para usar no clube.

MR: E com a Odebrecht?

DMA: Essa questão está resolvida e acertada. Precisa da recuperação judicial da empresa ser resolvida para isso ser homologado. Ficará zerado. O Corinthians ficar só devedor do saldo com a Caixa. Estamos correndo muito para anunciar isso nos próximos dias ou no próximo mês.

****

E eu vou correr aqui para editar a entrevista para que todos possam assisti-la na íntegra aqui e no Bandsports na sexta às 13:45!