Seleção brasileira emociona jogadores e ignora a torcida
Quem ainda não viu as cenas das reações de Luiz Henrique e Estêvão à convocação da seleção para os jogos contra Equador e Paraguai? A emoção deles e de suas famílias toca qualquer ser humano capaz de se alegrar com a realização do sonho de jovens a quem o Brasil pouco ou nada ofereceu. É a consagração do talento individual que venceu. Emociona, claro.
Mas o "react" que não vimos viralizar é o que já viralizou: "De novo essa seleção?"; "Ele chamou o Pedro machucado?"; "Para que chamar os jogadores que estão na Copa do Brasil?"; "Vão descansar no banco e passar férias na seleção?"; "Vai ter jogo de seleção de novo?"...
Contra esse "vírus", o mesmo remédio não faz nenhum efeito.
As pessoas não querem saber se o Brasil está em sexto nas Eliminatórias. As pessoas não querem saber se Dorival Júnior vem de uma Copa América frustrante e vai enfrentar um time que está à frente na classificação (isso porque o Equador saiu com pontuação negativa por punição). As pessoas não querem saber se o Paraguai pode (com muita pouca chance) passar o Brasil nessa rodada.
As pessoas querem, do jeito delas, "cuidar" do time delas.
A CBF precisa diagnosticar melhor o desamor. Precisa entender que o brasileiro não é menos brasileiro diante da camisa amarela. A CBF precisa olhar para fora dos muros e colocar suas diretorias de competições, seleções e cúpula a serviço de recuperar o respeito de quem gosta de futebol.
A verdade está explícita. Nossos jogadores gostam de estar na seleção. Gostar de estar na seleção não é igual a gostar da seleção — esse me parece ser o grande abismo que nos separa, por exemplo, da Argentina.
Continuar ignorando só evidencia o divórcio.
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