Uma lição rodriguiana para quem está no Corinthians
Às vésperas do 114º aniversário do Corinthians, resolvi novamente adaptar trecho de uma célebre coluna do inimitável cronista Nelson Rodrigues para, quem sabe, sensibilizar uns e outros (também)...
Para qualquer um, a camisa vale tanto quanto uma gravata.
Não para o Corinthians.
Para o Corinthians a camisa é tudo.
Já tem acontecido várias vezes o seguinte: quando o time não dá nada, a camisa é içada, desfraldada, por invisíveis mãos. Há de chegar talvez o dia em que o Corinthians não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada.
Bastará a camisa.
E, diante do furor impotente do adversário, a camisa alvinegra será uma bastilha inexpugnável.
Dirigentes, ex-dirigentes, conselheiros (de hoje, de ontem, de sempre): vocês são corinthianos?
A inação e o silêncio de situação (hoje, mas ontem oposição silenciosa e desarticulada), oposição (outrora situação que errou sem freio) e conselheiros são vergonhosos.
Preocupados cada um com seu lado na política do clube, não falam, não aparecem, não assumem responsabilidade alguma sobre nada. Só tem jogo do empurra: tudo de errado foi o outro lado que fez. E tudo em segredo. Tudo sem transparência. Tudo como se o Corinthians fosse uma confraria de 300 pessoas e só.
Parece óbvio que os problemas são múltiplos (alguns de décadas), mas não ter ninguém disposto a resolver, ajudar a resolver ou não atrapalhar é desanimador. Desesperador.
O que mais falta ao Corinthians hoje é corinthiano. Tristíssimo.
Está na hora de realmente o clube ser prioridade de alguém.
Com todo respeito, senhores com cargo (diretoria ou conselho), façam a parte que os torcedores mortais não podem fazer por vocês: mesmo que a "parte" seja admitir que gente mais qualificada precisa fazer.
É desanimador. É decepcionante. É especialmente triste, muito triste.
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Quero receberO Corinthians merece muito mais do que vocês.
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