Corinthians: descontentes sonham com Paulo Garcia como 'terceira via'
Paulo Garcia, dono da Kalunga, antigo patrocinador e influente conselheiro do Corinthians há décadas, tem tido seu nome levantado como principal trunfo para a união dos descontentes com a gestão de Augusto Melo.
Tentando se desvincular do "dérbi" oposição versus situação que contamina as opiniões sobre os processos administrativos que podem culminar, em última instância, com a perda do cargo e dos direitos políticos do presidente do clube, um grupo de conselheiros descontentes tenta convencer Garcia a ser um possível candidato único em caso de vacância no poder.
A ideia do grupo, simpático, mas ainda não signatário do "Movimento Reconstrução" (conselheiros que assinaram o pedido de processo de impeachment contra Melo), é se desvincular da ideia de que a saída de Melo esteja ligada ao retorno de algum expoente do grupo "Renovação e Transparência" (nomes como os dos ex-presidentes Mario Gobbi, Roberto de Andrade, Duílio Monteiro Alves e Andrés Sanchez).
Estatutariamente, em caso de destituição do presidente (depois de processos concluídos na Comissão de Ética, aprovação do Conselho Deliberativo e da assembleia geral dos sócios), deve ser marcada uma eleição indireta (voto apenas dos conselheiros) para a conclusão do mandato interrompido.
Antes mesmo do sucesso de Paulo Nobre e Leila Pereira à frente do rival Palmeiras, o nome do empresário Paulo Garcia sempre foi levantado no Parque São Jorge como uma possível terceira via nas eleições quase sempre bipolarizadas.
Não é exatamente verdade. Nem mentira.
Garcia é dono da Kalunga, ex-patrocinador do clube, e faz parte do grupo "União dos Vitalícios". Protagonista na política do clube desde a década de 80, Garcia já participou (com indicações ou cargos) em gestões de várias chapas e lados. Também já foi candidato em quatro ocasiões (2008, 2009, 2012 e 2018).
Na última eleição, pressionado a lançar seu próprio nome em uma eleição claramente marcada por dois polos, Garcia alegou problemas pessoais e apoiou formalmente Augusto Melo (veja abaixo), indicando que o clube precisava cessar a perpetuação no poder do mesmo grupo.
Apoiadores próximos do conselheiro estão otimistas. Apesar de não dizer que aceita a indicação do grupo, pela primeira vez desde 2018, Garcia tem sido aberto à conversa.
Movimento Reconstrução
O grupo de conselheiros que assinou o pedido de abertura de processo de impeachment contra o presidente Augusto Melo convocou uma coletiva de imprensa para amanhã. Com a intenção de se mostrar apartidário, o evento, antecipado ontem no "Fim de Papo" do Uol Esporte, é o primeiro depois de Melo ter sido intimado a apresentar sua defesa à Comissão de Ética do clube. O dirigente tem 10 dias para entregar sua defesa.
Falarão em nome dos signatários do pedido e dos membros do movimento recém-formalizado os conselheiros Antonio Roque Citadini (vitalício e ex-presidente do clube), Mario Gobbi (ex-presidente e membro do CORI - Conselho de Orientação) e Caetano Blandini (membro eleito do CORI). Na última eleição, Citadini e Blandini estiveram na oposição à Renovação e Transparência na última década — o primeiro, inclusive, se lançou candidato da oposição em 2018. Gobbi, ex-presidente, que chegou a ser oposição nas gestões Roberto de Andrade e Duílio Monteiro Alves, recuou e apoiou André Negão, então candidato da situação.
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