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Marluci Martins

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sem inversão de valores: o Flamengo é que é o salvador da pátria de Jesus

Jorge Jesus: desgaste no Benfica - PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP
Jorge Jesus: desgaste no Benfica Imagem: PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP

24/12/2021 08h45

A paixão do Flamengo por Jorge Jesus já ultrapassou os limites do coração. Estacionou ali pelo estômago, onde vai sendo digerida lentamente a obsessão pelo português. Periga virar indigestão. Não seria hora de buscar um outro remédio na Europa? Os torcedores rubro-negros dirão que não, que vale insistir cegamente, e, para ter o amor voltando para seus braços, secam o pobre coitado do Benfica, não por inveja, mas por cobiça ao treinador do próximo.

O vice de futebol Marcos Braz e o diretor-executivo Bruno Spindel submetem o Flamengo a uma humilhação sem tamanho, nem tanto pela insistência, que, vá lá, faz parte do balcão de negócios. O erro da dupla é deixar vazarem detalhes como os do encontro na casa de Jesus. Só faltou a divulgação do cardápio servido em Cascais. Fica feio para o clube, que deveria estar por cima da carne seca, impondo-se por seu tamanho, sem permitir a inversão de valores: o Flamengo é mais importante para Jorge Jesus, e não o contrário.

Do jeito que a coisa está sendo feita, o mundo absorve que Jorge Jesus é o salvador da pátria rubro-negra. Mas, como uma imagem vale mais que mil palavras, eu me agarro aos lenços brancos de despedida exibidos pela torcida do Benfica ao treinador: o Flamengo é que é o salvador da pátria de Jorge Jesus.

Não duvido da capacidade de Braz e Spindel como negociadores, e até desconfio que deixem vazar ao mundo todo esse esforço desesperado pelo treinador porque confiam no seu poder de persuasão. Em caso de desfecho feliz, voltam ao Brasil orgulhosos, mostrando a cabeça da caça. Se der errado, paciência, vocês viram o quanto a dupla de dirigentes se esforçou para repatriar o português amado. Não deu, culpa dele, e não da diretoria.

Não discuto, portanto, competência, mas método. Vaidades pessoais não podem estar à frente do Flamengo. E, se for para botar Jorge Jesus à frente de qualquer prioridade, qualquer sonho, que essas propostas de amor fiquem entre quatro paredes.

Com a estrela de Belém guiando ou não Jesus por caminhos rubro-negros, 25 de dezembro é dia do xará. Paz e amor a todos! Feliz Natal.