Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Racismo contra Vinicius Junior e a rotina de culpar vítimas
O sentimento de revolta no nojento episódio de racismo contra Vinicius Junior causa indignação pela impunidade. Não uma. Não duas. Não três. Várias. DEZ denúncias de racismo contra Vini na Espanha, segundo Tati Mantovani, correspondente da TNT Sports no país.
Vini Jr, a vítima, acaba expulso contra o Valencia. Ele leva um mata-leão e, ao se livrar, acerta o rosto de um jogador do Valencia. A mensagem no ar: ponto pros racistas.
A revolta aumenta pela manifestação absurda do presidente da La Liga, responsável por não coibir e punir o racismo severamente nesse e em outros casos. Por omissão ou conivência.
Horas depois de um ser humano ser chamado de macaco em coro por milhares de pessoas, Javier Tebas não se solidarizou, não prometeu punições aos responsáveis, não mostrou nenhuma empatia. Ao contrário. Criticou Vini Jr, atacado por quem deveria protegê-lo. A mensagem no ar: ponto pros racistas.
A falsa simetria de culpabilizar Vini Jr, a vítima de RACISMO, como "PROVOCADOR", sendo ele o alvo. A mensagem no ar: ponto pros racistas.
Nunca vi uma pessoa pública tão jovem, com 22 anos, ter a coragem do Vini de bater de frente com esse sistema e colocar o dedo nessa ferida com essa contundência. É louvável. Mas não é ele sozinho que tem de gritar contra isso.
Pare pra pensar: quantas vezes a vítima é violentada novamente ao ter de toda hora reviver o racismo e se posicionar inúmeras vezes? O Vini tem que ser acolhido. E a luta não pode ser só dele.
Tem que ser do Real Madrid como instituição, da La Liga como organizadora do campeonato, da UEFA e da FIFA como instância maior no futebol. Da imprensa local que parece não ter a menor sensibilidade em abordar um tema fundamental. Da Espanha. Da sociedade.
O Fred Caldeira, correspondente da TNT Sports na Inglaterra, traz o exemplo de como funciona na Premier League em casos assim: banimento aos comprovadamente envolvidos.
O ponto foi dos racistas. Porque quem insultou e chamou de macaco desde antes do jogo fora do estádio, depois em coro dentro, viu seu alvo ser expulso.
O Vini deu a letra: hashtag não comove. É ação. Enquanto não houver, a impunidade reina e a gente vai ver nota de repúdio de novo daqui a algumas semanas porque vai voltar a acontecer.
A rotina de punir quem é a vítima infelizmente continua e causa revolta.
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