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Jardine explica interesse do América-MEX e vê espaço para brasileiros

André Jardine falou sobre Atlético de San Luis e outros assuntos do futebol mexicano - Divulgação
André Jardine falou sobre Atlético de San Luis e outros assuntos do futebol mexicano Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

31/05/2023 04h00

Campeão olímpico com a seleção brasileira em Tóquio, o técnico André Jardine está de férias na Europa após uma boa campanha no comando do Atlético de San Luis, clube mexicano que faz parte do mesmo grupo do Atlético de Madrid. Em conversa por telefone com a o blog, o brasileiro reforça a qualidade da liga mexicana e espera abrir mercado para os brasileiros.

Dentre os assuntos comentados, Jardine reforçou o projeto do clube potosino, do sucesso do ex-são-paulino Vitinho, e negou que tenha sido procurado pelo América para a próxima temporada, como noticiado pela imprensa mexicana. Confira a entrevista dada ao Blog Mercado da bola:

Em pouco mais de um ano no México, você disputou três torneios, sendo que em dois deles levou o Atlético de San Luis às quartas de final, a famosa "Liguilla", feitos inéditos para o clube. O que você pode dizer sobre este período no futebol mexicano?

André Jardine: Tem sido muito positivo esse balanço de um ano e meio, já com o trabalho bem consolidado, o clube abraçando muito bem o projeto. O êxito que a gente teve nesse torneio foi fruto de um trabalho em conjunto com a direção, e realmente me sinto muito bem, num clube que está me dando todo apoio e condição de ter os resultados que estamos conseguindo.

O Atlético de San Luis é uma franquia do Atlético de Madrid, e tem uma gestão muito diferente dos clubes brasileiros como um todo, exceção feita as SAFS que agora estão chegando no país. Como é fazer parte de um grupo de uma grande franquia, e qual a principal diferença entre os modelos para um treinador?

Jardine: Sem dúvida que é um projeto sério, e com uma margem maior para consolidar o trabalho. Os clubes daqui de uma forma geral levam um pouco mais a sério, dão mais tempo aos treinadores, mas também vemos essa cultura mais presente hoje no Brasil, já colhendo resultados, que é o caso do Botafogo do Luis Castro por exemplo. Me sinto muito bem encaixado dentro dessa estrutura de um clube empresa e feliz por contribuir com o sucesso do grupo.

O Brasil tem importado muitos técnicos, especialmente vindos de Portugal e Argentina. Você faz exatamente o caminho contrário. É um objetivo seu abrir o mercado mexicano para os brasileiros? Você projeta voltar ao Brasil em quanto tempo?

Jardine: Eu acho ótimo a troca de experiências e conhecimento seja no Brasil ou fora, só faz bem ao futebol e a minha vinda ao México está sendo muito rica nesse sentido também. Eu acho importantíssimo o treinador brasileiro abrir mercado fora, isso faz parte da nossa história, e eu entendo que esteja contribuindo pra isso. O futebol mexicano é muito forte, a liga é muito forte, os clubes são ricos, têm grandes jogadores e treinadores, o país é muito bom de se viver. Enfim, estou muito adaptado, feliz com o trabalho, com o crescimento, e espero que mais técnicos brasileiros possam aproveitar esse mercado.

Você levou o Vitinho, jogador da base do São Paulo, mas que ainda não tinha nenhum jogo como profissional. Ele demorou um pouco a despontar e termina a temporada muito valorizado e com papel de protagonista no time. Como foi esse período de afirmação e como você o vê para a próxima temporada?

Jardine: Vitinho foi uma aposta muito forte do clube como um todo, foi uma indicação minha, mas o clube comprou a ideia e levou a sério como um jovem extremamente promissor, que ainda não tinha minutos no profissional, mas, assim que tivesse, iria despontar seu talento e capacidade. E o projeto do Atlético proporciona isso para os jovens talentosos terem seus minutos, seus momentos, para serem lançados com paciência, tempo, trabalho adequado, para que eles consigam fazer a transição da base ao profissional, que é complicada. Com o Vitinho, deu certo, já está firmado no futebol local, e vai brilhar cada vez mais. Sem dúvida é um grande talento e sua história está só começando.

Falando dessa última campanha, do Clausura-23, vocês praticamente deixaram o poderoso América nas cordas ao abrir 2 a 0 em pleno Azteca e ficar muito perto da classificação, isso depois de sair do primeiro jogo virtualmente eliminado ao perder em casa por 3 a 1. Essa campanha e esse jogo fizeram com que seu nome ganhasse força no México, inclusive tendo seu nome sendo especulado no próprio América, que é o Flamengo no Brasil em relevância de torcida. Você foi procurado pelo América e/ou por algum clube mexicano?

Jardine: Foi um grande fechamento de torneio, uma grande partida, já tínhamos feito um grande jogo contra o Leon na repescagem, mas esse jogo foi emblemático, pela forma como a equipe se comportou, pela grandeza do América, ainda no Azteca. Ficamos muito perto da classificação, que seria uma virada histórica na casa do rival. Se por um lado a gente não se classificou, deixamos a imagem do Atlético de San Luis que a gente quer, puderam ver uma grande equipe, clube que está crescendo. Sobre o interesse do América, até vi alguns comentários, mas não houve nenhum contato do América comigo ou com meus advogados. Como não tenho nenhum representante, posso afirmar que não houve nenhuma conversa e nem consulta, porque isso chegaria diretamente a mim, e não chegou.