Bruno Andrade

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CPI das Apostas: investigado diz ter provas no WhatsApp e medo da morte

Investigado pela CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, o empresário William Pereira Rogatto revelou, em entrevista exclusiva ao UOL, que está disposto a deixar Portugal, onde atualmente reside, para em breve se entregar às autoridades brasileiras, e que tomou a decisão de começar a falar agora porque, entre outros motivos, tem medo de morrer.

"Réu confesso", como o próprio se intitula, o apostador não detalhou como eram feitos os procedimentos ilegais, mas reafirmou ter diversas provas para repassar, como fotos, áudios e trocas de mensagens no WhatsApp. Também se mostrou incomodado por ter sido descredibilizado nas últimas horas por parte da imprensa esportiva no Brasil.

Aos 34 anos, Rogatto, o "Rei do rebaixamento", quer, acima de tudo, pagar pelos seus crimes (ou erros, como prefere dizer), que supostamente geraram R$ 300 milhões com manipulações de resultados que culminaram em 42 rebaixamentos de clubes de futebol, em 26 estados e no Distrito Federal - o mais recente deles foi o do Santa Maria-DF.

Bruno Andrade: Por que você aceitou falar somente agora com a CPI? E, diretamente, qual é o seu grande temor? Tem sofrido ameaças?.
William Rogatto: Eu vou tentar detalhar bastante algumas coisinhas, porque às vezes as pessoas não sabem interpretar um texto. Infelizmente, muitas pessoas aí que a gente vê na internet... É um baixo grau de escolaridade de não conseguir interpretar um texto ou uma fala. Então, a questão de medo é porque eu sei o que acontece. Em certas situações aonde eu já tive envolvido, e algumas, não. Quando você coloca e expõe uma situação que, hoje... olha como tomou uma proporção gigantesca, porque todo mundo agora quer saber se realmente isso é ou não é. Só que as pessoas não sabem nem direcionar. Por que que eu fui parar na CPI? Bem simples e objetivo: a Polícia Federal, junto com a CPI, me convocou. Eu tenho três mandados de prisão. Pô, será que a Federal não sabe que eu tenho, eles não têm as provas sobre o que eu já fiz ou não fiz? Você acha que existe um mandado de prisão para uma pessoa que eles não sabem que tem alguma coisa?

A única coisa que eu fiz foi.. Olha, eu quero uma mudança de vida. Eu quero, hoje, recomeçar uma vida, porque eu acho que todo mundo tem direito de errar. Eu não fiz mal a ninguém, não matei ninguém, não sou traficante. Eu simplesmente fui uma peça do sistema. Ponto. E eu, hoje, quero viver uma vida normal, cara. E, aí, as pessoas começam a pegar tudo isso e vira esse "auê" que está virando, esquecem que a gente tem uma família, esquecem que eu também sou um ser humano. E, poxa, as pessoas que estão lá em cima: "Pô, ele estava no sistema. Ele conhece". As pessoas que já trabalharam e me conhecem, eu tenho certeza que, hoje, ou estão com medo, ou estão bolando alguma coisa para me calar.

BA: Você é investigado, é acusado, tem prisão preventiva decretada no Brasil. Você acha mesmo que não tem que pagar por esses eventuais crimes que cometeu?
WR:
Não, na verdade não é pagar pelos crimes. Vamos lá. Eu acho que todo mundo que erra tem sim que pagar pelo crime. Ok? Mas eu acho que todo mundo tem uma preparação antes também. E eu acho que quando... Se eu já resolvi falar, é porque eu já quero uma mudança. Pagar pelo crime aí já é uma coisa com a Justiça. Entende? Eu acho que todo mundo tem que pagar pelo seu erro. Mas eu acho que, no momento, eu não fui preparado, ainda, para pagar isso. Eu usei de artifícios a meu favor para hoje estar aqui falando com você e montando, sim, uma defesa junto ao meu advogado, para que eu possa pagar uma pena menor. Para que eu possa, realmente, contribuir com algumas situações. Cara, família nenhuma quer ver seu filho preso, quer ver seu filho envolvido... Ainda mais na minha família, que, poxa... Meu pai e minha mãe indo para 60 anos de idade, nunca tiveram um problema com nada. E você imagina... é algo familiar. Então, tipo, claro que eu vou me preparar para, eventualmente, pagar pelos meus erros. Agora, o que eu não posso concordar, são esses repórteres mal instruídos e mal preparados falando o que bem entendem. O mal do entrevistador ou do jornalista é querer falar o que quer. Entende? Não olham as consequências que vai ter isso. Exatamente por isso que eu estou aqui para falar com você. Eu queria agora pontuar aquilo que disse o Casagrande. Tá? Quero falar especificamente dele, já que nunca falei dele. Eu queria especificar agora isso.

BA: Antes de falar do Casagrande, e obviamente que eu vou te dar o direito de resposta, quero me aprofundar na repercussão que teve sua participação na CPI. Falou bastante de provas em relação a tudo aquilo que você está sendo investigado. Quais são essas provas? Pode compartilhar alguma coisa?
WR:
É bem simples: está em segredo de Justiça não é à toa. Entende? É uma transferência, é uma conversa no WhatsApp, são áudios, são vídeos. Entende? São provas ali da eventual... Eu já passei por uma situação na CPI mostrando que, realmente, eu, é... Estou realmente sendo réu confesso, porque não adianta você falar. Então, eu já passei algumas coisas ali na CPI. Falando: "Ó, eu quero me confessar, porque eu quero uma vida nova". Eu não estou aqui para delatar ninguém. Entenda isso. As pessoas estão confundindo isso. Eu não estou aqui para delatar ninguém. Eu estou aqui para mostrar que eu errei. E eu, William Rogatto, quero uma vida nova. Eu quero uma vida nova. Eu quero mudança. Agora, se as pessoas que fazem isso... Aí é problema delas, entende? Eu coloquei algumas coisas em pauta ali, agora é o papel de quem vai investigar. E eu vou colaborar. Eu vou ser apenas um quebra-cabeça para vocês chegarem aonde vocês querem. Tá? Porque esse pessoal já teve envolvimento comigo. Só isso. Entendeu? Alguns diretamente, e alguns trabalharam para mim e nem sabem quem sou eu. Só que eu sempre tive o controle de tudo. Até porque a gente trabalha com pessoas, cara, a gente coloca pessoas, a gente se blinda. Entende? Então, é isso. Eu queria só ver agora se a gente pode, realmente, pontuar essa defesa e deixar um pouquinho de lado o que já foi. Se puder. Eu te agradeço.

BA: Sim, vamos então ao seu direito de resposta em relação ao que disse o Casagrande...
WR: Eu quero direcionar para o Casagrande, tá? Primeiro, ele está falando que está transtornado com a minha falta de vergonha. Transtornado estou eu com um ex-usuário de droga, que é o Casagrande. Um jogador que não tem história nenhuma para nos oferecer, falar que está indignado. Quem é o Casagrande para estar indignado com alguma coisa? Ele falou que eu estava sorrindo na CPI pelo fato de falar que eu compro jogo, que eu sou manipulador. Eu acho que estou sendo acusado e há provas contra mim falando sobre isso. Aí ele fala que eu tenho que ter faculdade para isso, que isso aí é algo...

Deixa eu falar, Casagrande, primeiro que você não entende de futebol. Segundo: brecha de sistema dá entrada para nós. Ok? Então, você está falando para mim que eu acho bonito. Claro que eu vou sorrir. Sabe por que que eu vou sorrir? Porque quem me deixou entrar foram vocês. Vocês criaram a brecha. Você, não. Porque você é insignificante no mundo do futebol. Então, é... As pessoas, os envolvimentos, as empresas de futebol que dão a brecha para a gente entrar. E ele está falando que "eu acho bonito". Eu acho e vou rir de novo, da sua cara, principalmente, Casagrande. Porque você vai viver a sua vida inteira e não vai ganhar 10% do que eu já ganhei de dinheiro. E, se você estiver precisando também, eu te empresto.

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Casagrande, se você acha que está ruim, pede para sua confederação, a CBF, pede para os presidentes das federações pagarem melhor o árbitro. Eu pago bem para ter meu resultado. Ok? Se você não está pagando, deixa para quem paga. Se você está incomodado, eu não posso fazer nada, você não representa nada no mundo do futebol. Tá bom? Outra coisa: você está falando aqui que eu tenho que provar. Deixa eu te falar uma coisa, quem tem que provar é a falha. É só você ver um pênalti mal marcado, um cartão mal marcado, jogadores que sobem uma linha para tomarem gol. Eu não preciso provar nada para você.

Você acha que eu sou tão burro? Você acha que, se eu fiquei 13 anos nisso... E eu fui cair só agora. Você acha que eu sou tão burro ao ponto de deixar brecha para o sistema descobrir? Infelizmente, uma brechinha que eu dei, e eles me descobriram. Uma. Uma única brechinha. Você acha mesmo que eu vim aqui de mão beijada provar algo para você? Quem tem que ver se está certo ou não são vocês, não sou eu. A investigação é de vocês, não é minha. Então, Casagrande, aprenda, meu amigo. Você não é nada para o futebol.

Jogadores do São Paulo, do Palmeiras, todos têm família, gostam de dinheiro, como qualquer um. "Ah, mas é mau caráter". Mau caráter, não. Vai ver salário. Se o salário está compatível, os jogadores estão felizes. Se não está, meu amigo, eu ofereço mais. Esse é o sistema. Você contente, ou não. Tá bom, Casagrande? Mais uma vez, ele falando que eu estou acusando o São Paulo, acusando o Palmeiras. Não estou acusando, tá bom, que fique bem claro. Cada um responde pelos seus atos. Eu falei muito bem claro: um jogador, um árbitro. Eles fazem todo um jogo mudar de cenário. Então, de repente, o clube não está nem sabendo. Aí, o John Textor enxergou isso, chamaram ele de mentiroso, de louco...

BA: Mas parte daquilo que você participou - ou esteve envolvido - também tem a ver com jogos da Série A?
WR:
Tudo. Série A, Série B, Série C, Série D do Brasileiro. Copa do Brasil. Eu vou falar para você...

BA: E você vai entregar essas provas que também envolvem a Série A?
WR:
Eu não vou te dizer que eu vou entregar pessoas. Eu vou entregar os vestígios de apostas que eu fiz, conversas que eu tive. Não vou dar a direção que foi a pessoa. Eu também tenho teto de vidro. Eu não vou falar simplesmente: "O fulano entregou o jogo para beneficiar". Não. Eu vou mostrar os indícios e mostrar realmente que teve alteração naquele jogo. Mas eu não vou chegar e falar... Eu não sou rato, né? Na nossa linguagem, eu não sou um rato para chegar e dar nomes como eles querem. Isso aí é até uma fantasia. Eu vou mostrar para eles: "Ó, o indício aqui do jogo, tá aqui, ó. Eu fiz, esse aqui é o jogador que eu trabalhei, tá aqui a conversa com ele, tá aqui o áudio". Só que é o seguinte, eu vou mostrar para eles. Eu não vou dar nomes. Não vou falar: "É esse". Se vocês reconhecerem pela voz, ok, se não, não tem o que eu fazer. Até porque tem jogadores que ainda estão em atividade. Eu vou prejudicar jogadores? Eu quero mudar a minha vida, não atrapalhar a vida dos outros. Então, é isso que está sendo confundido. Eu fui para a CPI porque eu já sou condenado. Eu já sou condenado na Justiça, já tenho mandado de prisão.

BA: Você chegou a dizer, na CPI, que suas movimentações, no seu ponto de vista, não prejudicaram ninguém. Por que acha que isso não prejudicou ninguém? Sendo que, evidentemente, isso afetou diretamente e prejudicou clubes, pessoas, terceiros...
WR:
Realmente, tem alguns prejudicados. Mas o maior, o maior que eu tenho pena, tá? Eu tenho pena de falar. Na verdade, o maior prejudicado são os torcedores. Que vão ali, se dedicam... Olha as dívidas dos clubes, cara. Olha as dívidas que os clubes têm hoje. Os clubes não estão preocupados em pagar as dívidas. Você acha que não entra dinheiro numa Série A, para o... Eu tenho outros ramos da minha vida. Então, é para você ver que eu sempre fui um cara calado. Eu nem precisava me expor, eu não quero isso. Eu não quero mídia, cara. Se eu nunca apareci, é porque eu não quero mídia. Em 2020, eu fui pego. Vê se eu apareci? Não apareci, cara. Não apareci em nada. Simplesmente fiz o que tinha que fazer. A qualidade do meu advogado. Ele me tirou de onde eu tinha que sair. E acabou, eu comecei a ter uma vida nova. Eu achei que ia acabar com isso. Mas, infelizmente...

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BA: Você foi pego em 2020, mas, mesmo assim, as suas práticas continuaram em 2021, 2022...
WR:
Continuaram. Confirmei, continuaram. Fiz em 2021, fiz em 2022. Entendeu? Fui responsável por dois rebaixamentos em 2022. Depois, como eu te falei, primeira divisão do estadual eu fiz cair. Me arrependi depois. Porque realmente eu vejo que algumas pessoas merecem, sim, que... Poxa, eu fiz mal a alguém. Por isso a minha... De estar acontecendo isso, entendeu? Esse arrependimento. Cara, é isso que eu quero que você entenda. Eu tenho uma família, eu me arrependo, eu não gosto de ver minha mãe chorar, eu não aguento ver as pessoas falarem, ligando para minha mãe e fazendo ela chorar. "Ó, você está vendo seu filho aí?".

Isso aí não é orgulho, cara, minha mãe sempre criou os filhos dela para ter orgulho. O que é que vou fazer? Eu falei para meu advogado: "Eu estou pensando em me entregar". Ele falou: "Então, vamos fazer isso da maneira certa". Como? Primeiro, foi a intimação da CPI. A CPI simplesmente tinha as provas, tá? Investigaram. Perceberam logo que era eu que estava fazendo as saídas do Santa Maria-DF. Volume alto de apostas, facilitação dos jogos. E ok. Agora, você acha que eu vou vir aqui falar quem são meus atletas? Eu não. Olha lá, veja os jogos. Eu sou responsável em pagar os meus atletas e ganhar dinheiro na casa de apostas. Quem tem que ver irregularidade não sou eu, não.

Vocês enxergam se quiserem. Eu não quero acabar com o futebol, não. Eu estou aqui me defendendo para a minha vida, eu quero uma vida diferente daqui para frente. Entendeu? A gente tem o tempo da tolice, da ignorância, só que a gente amadurece. E, quando a gente amadurece, nem tudo é dinheiro, cara. Eu ganhei rios de dinheiro, desculpa a palavra, nem quero falar desse detalhe do dinheiro aqui não, não é esse o foco. Mas ganhei rios de dinheiro. Eu não posso dar um abraço na minha mãe, cara. Minha mãe está no Brasil, meu pai está no Brasil, eu não posso dar um abraço neles.

A Polícia Federal bateu na casa do meu pai e da minha mãe. Isso aí ninguém conta. Isso aí quem sofreu fui eu, calado. A Polícia Federal foi lá bateu na casa da minha mãe e do meu pai, invadiram tudo lá, como se eu fosse um procurado criminoso, parecia que eu tinha matado alguém. Ô, pera aí, você está achando que eu quero isso para minha família? Eu quero abraçá-los, estou há quatro anos fora, eu quero abraçar meu pai e minha mãe, falar "mãe, te amo, desculpa por tudo, eu vou pagar o que eu errei aqui". E eu quero viver...

BA: Você está disposto a voltar para o Brasil e cumprir eventualmente uma pena de prisão?
WR:
Claro, claro. Eu não vou falar que vai ser agora, mas, claro, vou me preparar mentalmente, cara. Eu sei que, quando eu chegar lá, eles vão me prender. Está tudo certo. Eu estou sendo réu confesso exatamente porque eu sei disso. Agora, cara, eu vou me preparar, eu vou me preparar psicologicamente. Entende? Eu vou deixar tudo pronto para minha família. Meu pai não errou, minha mãe não errou, meu filho não errou. As pessoas que gostam de mim não erraram. Quem errou fui eu. Entende? Está afetando outras pessoas... É esse tipo de situação que eu acho que eu não posso passar.

Eu resolvi, por mim, fazer a minha parte, por [eu] ser, como eu falei, já... Se não o maior, um dos maiores, que trabalharam em resultados, cara. Entende? É toda uma máquina que funciona. Isso é um sistema. Começa lá do erro deles, até onde eu chego, que é a conclusão dos valores. Até porque esse sistema todo, hoje, é dos ganhos. Eu acho que todo mundo está lutando por dinheiro. Você está lutando por dinheiro, qualquer um... Eu achei uma brecha no sistema, e eu entrei. Agora, isso não me faz um criminoso, como eles estão colocando. Ser um criminoso, porque eu cometi alguns erros, ok. Está na lei, é crime, vou ter que pagar.

BA: Mas os seus erros são considerados crimes. Ponto.
WR:
Ok. Agora... Cada peso, uma medida. Eu matei quem?

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BA: É a Justiça que vai determinar a pena, não sou eu. Você cometeu crimes e, inclusive, se intitula réu confesso.
WR:
Pronto. É isso. Mas, espera aí, eu sou um ser humano. Que eu fui pego. Ok? Eu pago pelo meu crime e eu volto à sociedade. O Pedrinho Matador matou mais de cento e poucas pessoas, pagou lá seus 30 e poucos anos e ele saiu para a sociedade, foi viver a vida dele. E provou que estava mudando. Infelizmente, aconteceu uma fatalidade comigo. Ele, no entanto, teve a segunda chance dele. Por que eu não posso ter minha segunda chance?

BA: Uma segunda chance só existe depois de pagar pelos crimes que cometeu, depois de cumprida a pena...
WR:
Pronto. Agora, então, por que esse ataque? Qual é o motivo desse ataque? Qual o motivo de colocar ódio? Ei, vamos fazer o seguinte? Ele vai pagar pena dele? Ele vai pagar. Ele vai contribuir aí com o que for preciso para contribuir? Vai. Vamos fazer o seguinte? Zerou. Ele vai pagar... Eu estou falando isso. E o que eu estou gravando aqui com você é o que eu gravei na CPI, não tem como voltar uma fala minha. Uma fala que já foi não volta. Então, hoje, eu deixo bem claro. No momento certo, eu vou, sim, me entregar. Eu vou pagar pelos meus erros. Pode ter certeza. Essa é a dignidade que eu quero dar para o meu filho. Sabe por quê? Se eu não pagar pelo meu erro, vão falar para o meu filho assim: "Ó, não pode errar". Ele vai falar: "Pai, você errou e nunca pagou por isso". Você está entendendo que tem muita coisa que vai além de um simples erro? Ô, meu erro, tudo bem, foi sistema... Foi um erro, ali, no mundo do futebol, ok. Mas a gente tem erros piores, cara. Dentro da política, por exemplo. Então, é... Eu não estou pedindo para: "Ah, vamos passar a mão na cabeça dele". Não é isso. Eu estou pedindo coerência.

A Polícia Federal já conseguiu colher provas. Ó, a Federal pegou acesso às minhas redes sociais, eles têm acesso. Eles destravaram e sabem as transferências que eu fiz. Ok? Eles já pegaram vários laranjas meus. As pessoas não aguentaram e falaram: "Eu trabalhava para o William". Agora eu quero pagar pelo meu erro. Chegaram em mim e eu não quero mais prejudicar ninguém. Pronto. Você chegou em mim? Pronto. Já aqueles que estão acima de mim, eu não estou nem aí.

BA: Vive com medo?
WR:
Sim, tenho medo. Tá doido, eu estou mexendo no maior sistema hoje, que é o futebol. Na verdade, no maior sistema hoje abaixo da política. O maior sistema, hoje, é: tráfico, futebol e política. Aí você está achando que eu vou, falo, me confesso. Você está achando que eu não estou sendo ameaçado de morte? Você acha que eles não podem fazer uma maldade para mim? Você acha que, se eles souberem onde eu estou, eles não acabam comigo? Ei! O mundo é muito além do que vocês olham na televisão, cara. A vida real, ela existe e é muito além do que passa na televisão. Então, eu não vim pedir mídia aqui, tanto que eu nunca apareci.

Esses ataques são desnecessários. Minha família está sendo afetada. Eu vou falar para você: se afetar mais minha família, se eu perder a minha mãe por causa disso... Aí a guerra começa. Aí eu te garanto - e eu gasto todo o dinheiro que eu conquistei, eu gasto tudo, mas eu acabo com um por um. "Ah, você está fazendo ameaça?". Não. Você não sabe o que é perder uma mãe, você não sabe o que é perder um filho por causa de situações que não são necessárias. Não é necessário isso. Eu já confessei. Eu vou pagar pelo meu crime. Chega. Acabou. Não precisa espalhar ódio para os outros.

Eu estou aqui, cara. Agora, calma! Vamos parar de afetar minha família? Vamos parar de ficar me chamando de bandido? Você acha que sua mãe gostaria de ouvir falar: "Seu filho é um bandido"? Você acha que sua mãe ia gostar de ficar recebendo ligação toda hora? Eu vou pagar pelo erro Vou. Vamos fazer o que tem que ser feito? Vamos. Aí, deixa que conquistar minha família é comigo depois. Aí, eu vou ter que me direcionar à minha família, pedir perdão e falar: "Agora, eu mudei". Mas não com palavras, com atitudes. E vou mostrar para o meu pai e para a minha mãe que eles podem ter orgulho de mim hoje. Que eu amadureci. Hoje, eu sou um homem. Eu não sou mais aquele menino irresponsável, que começou tão cedo a ver futebol e achou uma brecha no sistema para entrar. Eu não tinha filho. Agora, está vindo um aí. Entende? É meu sangue. O que que eu quero que ele seja? Desonra como eu estou sendo? Ou eu quero ter honra no meu filho? Que ele seja um cara do bem? Que ele venha e faça o bem para os outros? O bem para o próximo? Com certeza. As pessoas acreditam naquilo que as pessoas falam. O seu ídolo fala. Então, é isso.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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