Milly: Que, aos 30, Neymar se perca do Junior

Neymar é poeta. Gostem ou não, o cara é um poeta da bola.

Quando despontou, aos 14 anos, lembrou a todos nós que é perfeitamente possível escrever poesia com os pés. Sabemos fazer isso, mas estamos empenhados em matar nossa arte. Queremos transformá-la numa prosa chata, objetiva, eficiente, decadente.

Aí vem Neymar, cheio de suas poesias. Encantou o Brasil e o mundo. Voou. Mas terá voado tão alto quanto poderia?

Ando encafifada com o Jr. que ele mantém nas costas da camisa. O Jr diz: existe um outro Neymar que, por ordem de hierarquia, é maior.

Mas, vejam, não existe outro Neymar. Só existe um. O pai é que devia mudar sua assinatura para "pai do Neymar". Uma homenagem ao poeta. Porque, convenhamos, entre o executivo e o poeta nós nos curvamos apenas ao segundo. Porque é ele que inspira, que nos oferece significado à vida, que emociona.

Por isso, no dia que Neymar faz 30, renovo meus votos para que ele deixe o Junior ir, se firme como sujeito.

Desejo que Neymar adquira consciência política, se manifeste em nome de causas sociais e que, mesmo fazendo tudo isso, jamais deixe a poesia de lado.