Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Milly: A íntima e histórica relação entre o futebol e a Guerra
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Diante da possibilidade de o mundo estar entrando em uma situação de Guerra, achei que poderia falar um pouco da relação entre esse jogo que amamos e as batalhas.
O futebol, ao contrário do que se repete, não foi inventado na Inglaterra. Na Inglaterra ele foi codificado e regulado, mas não inventado.
Os primeiros registros de um jogo no qual o papel de bola era desempenhado por um crânio ou até pela cabeça de um inimigo, são da China lá pelos anos 3 mil antes de Cristo.
O exercício era muitas vezes usado em treinamentos militares. Há também indicações de que, em outras regiões incluídas aí as Américas e a Europa, o jogo determinava quem ia viver e quem ia morrer.
Há outros registros nos quais só se matava o capitão ou líder do time, mas aqui o curioso é que se tratava de um ritual de sacrifício e que o capitão a ser morto era o do time vencedor. Ao ganhar, ele oferecia a vida ao sagrado e o gesto era considerado grandioso e até desejado.
Depois de ser codificado por ingleses, o futebol perdeu suas características bélicas, mas nunca deixou de ser uma metáfora para a Guerra. Vejamos, por exemplo, a linguagem que usamos para falar do jogo, uma linguagem carregada de violência simbólica.
Um chute pode ser um tiro, um petardo ou um canhão.
O penalti, aliás, é batido tomando-se uma distância que poderia ser a de um fuzilamento.
O jogo é uma batalha, o rival é o inimigo e o objetivo é eliminá-lo.
Há aqueles que tenham boa pontaria e quem marca mais gols é o artilheiro que, quando é bom, acerta o alvo.
O jogo é feito de tática e estratégias e os ataques podem se dar pelos flancos. Ganhar é bom, mas massacrar o inimigo é ainda melhor.
Combater. Avançar. Recuar. Liquidar. Furar bloqueios. Dominar as ações.
Para saber mais recomendo três livros: Futebol Ao Sol e à Sombra, de Eduardo Galeano. Veneno Remédio, de José Miguel Wisnik. E A Dança dos Deuses, de Hilário Franco Junior.
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