Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O futebol todinho representado na criatividade de um jovem baiano
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Nenhum curso de marketing nem nenhuma cartilha de coaching estaria apta a pensar no personagem Luva de Pedreiro, um jovem do interior da Bahia que, usando uma luva de pedreiro e variadas camisas de time de futebol, faz vídeos em um campo de terra batida nos quais chuta a bola ao gol e, depois de ver a rede sendo estufada, celebra ajoelhado dizendo "Receba!".
Um roteiro como esse seria ridicularizado por qualquer especialista em marketing. E eles não estariam errados em recusar uma personagem criada nessas bases: para que uma história seja criada a partir desse contexto e se conecte com nossa emoção é preciso que ela seja verdadeira e não fabricada.
Iran Ferreira, o garoto que mora no interior da Bahia e é conhecido como Luva de Pedreiro, é um fenômeno das redes sociais. Ao fazer vídeos de seus chute a gol num campinho de terra batida perto da sua casa ele viralizou na Internet.
Vascaíno apaixonado, recentemente foi convidado pelo clube do coração a ir ao Rio conhecer seus ídolos. Iran levou a família e o pai, de quem ele herdou a paixão pelo Gigante da Colina, caiu em prantos ao conhecer Roberto Dinamite.
A gente fica tentando explicar o futebol, mas bastaria dizer que futebol é o que vem desse encontro entre o pai de Iran e seu ídolo de uma vida. Futebol é um chute no ângulo dado por um garoto ou por uma garota num campo de terra batida num fim de tarde qualquer. É presentear uma criança com uma bola e esperar para ver que dessa conexão surgirão universos. É, sozinho numa quadra qualquer e sem que haja testemunhas, chutar uma bola no ângulo e celebrar como se fosse Pelé. A competição, os troféus, a rivalidade - tudo isso é menos importante.
Futebol é só isso. A gente é que complica com firulas semânticas, transformando tudo em produto para depois empacotar e vender.
Todos nós que amamos esse jogo já fomos Luvas de Pedreiro numa tarde qualquer de nossas infâncias.
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