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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Corinthians: as notas estão afinadas, mas a música não sai

Adson e Rafael Ramos comemoram gol do Corinthians sobre o Juventude em jogo do Campeonato Brasileiro - RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Adson e Rafael Ramos comemoram gol do Corinthians sobre o Juventude em jogo do Campeonato Brasileiro Imagem: RONALDO BARRETO/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

11/06/2022 18h22

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O Corinthians entrou em campo contra o Juventude nesse 11 de junho cheio de vontade e de ímpeto. Pressionava alto, tocava rapidamente, se movimentava muito. O gol saiu com dois minutos pelos pés de Adson com passe de Rafael Ramos. Parecia que ia ser goleada, mas o torcedor e a torcedora do Corinthians sabem que com esse time é assim e, precavidos, freiam o otimismo.

E, de fato, a goleada não veio. O time foi melhor, teve amplo domínio tático, mas o gol não saiu e, ao final, ficamos no dois a zero.

O time de Vitor Pereira apresentou algumas características curiosas.

No individual, foram todos bem, trabalhando no limite físico, respeitando orientações táticas, entregues ao desafio. Talvez Roger Guedes possa ser o destaque negativo.

Me parece evidente que ele não sabe jogar pelo meio do ataque. Tem dificuldade de se posicionar, quando a bola chega redonda ele se mostra um pouco desorientado, não sabe para onde girar, para onde correr. Será que deixar Guedes aberto e centralizar Adson não seria uma opção? Adson fez o primeiro gol aparecendo como um centro-avante, é mais leve, mais jovem, mais transgressor.

Mas se no individual foram todos bem, no coletivo, o time ainda precisa encontrar sua música.

Com a bola, quando os jogadores se aproximam uns dos outros eles desenrolam o jogo com muita categoria. Só que quando estão distantes, tudo se complica.

O passe não chega, a bola é interceptada, a arrancada não vinga. É um time que deveria se movimentar em bloco e não se distanciar tanto quando tem a posse da bola.

Na defesa o time vai bem, mas é tendo a posse da bola que desejamos escutar a música e, apesar das primeiras notas deixarem a torcedor animados, a sinfonia não vem.

É como se chegássemos ao concerto alguns minutos antes da apresentação e ficássemos ali vendo os músicos afinando seus instrumentos: tudo afinadíssimo, parece que o show vai ser lindo, só tem gente talentosa. E aí, quando o espetáculo começa, a melodia é até boa, mas não alcança uma apoteose e a gente fica se perguntando quando ela vem.

Os melhores acordes são mesmo aqueles protagonizados pelos filhos do terrão.

Adson, outra vez um destaque, Mantuan, outra vez decisivo (mesmo jogando pouco), Willian, outra vez vertical no limite da verticalidade, e Du Queiroz, outra vez o pulmão e o centro gravitacional do time.

Viva o terrão. Viva a base.