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Botafogo e Fluminense: Ganso fez poesia com a bola nos pés e até sem ela
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Botafogo e Fluminense fizeram um bom jogo no Nilton Santos: aberto, limpo, leal. O tricolor ignorou o estádio cheio e vibrante e se comportou como mandante: sufocando o time da casa.
O Botafogo saía no contra-ataque e, mesmo sem posse de bola, poderia ter vencido porque o futebol é assim: num ataque contra defesa tem dias que a defesa vence. Mas não quero falar do jogo. Quero falar de Paulo Henrique Ganso.
Ganso é o mais habilidoso jogador em atividade no futebol brasileiro. Meia clássico, de toque certeiro, que se coloca em campo com inteligência rara. Um toque na bola e ele transgride tudo. Na partida desse domingo estava endiabrado e executou quase toda sua cartilha de fundamentos, manobras e dribles. Em um deles, na entrada da área, fez a torcida do Botafogo gritar um sonoro "óóóó".
Há algum tempo, Ganso está fisicamente muito bem. Corre demais, marca, volta para tomar a bola, está na esquerda, na direita, flutua durante o jogo todo. Observar ele se movimentar sem a bola criar espaços, levar a marcação, abrir um corredor é, também, testemunhar sua genialidade.
Quando o Fluminense está sem a bola, ele pode ser visto em disparada. Quando o Fluminense está com a bola ele simplesmente anda. Anda como quem sabe o que vai fazer, como quem sabe que não precisa correr, como quem sabe o que é capaz de criar.
Saiu aos 35 do segundo tempo e bem poderia ter sido aplaudido por todos os presentes. Foi uma atuação de gala do meia tricolor.
Tão logo Ganso saiu, o Fluminense fez o gol da vitória: golaço do bom zagueiro Manoel.
Os amantes das objetividades dirão que pouco importa o que Ganso faça se quando ele sai o time marca e com ele não marcou. Eu argumentaria que é muito pequeno ver o futebol nessas bases. O que Ganso escreveu enquanto esteve em campo deve ser chamado de poesia.
O Brasil não tem outro como ele. A seleção não tem alguém como ele. Não vai ser convocado, certamente. E tudo bem. Essa seleção talvez não mereça um craque como P.H Ganso.
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