Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O Palmeiras de Abel Ferreira: beleza inédita em nosso futebol
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Tenho aprendido bastante coisa com o time construído por Abel Ferreira e sua comissão. Aprendido, por exemplo, que existe um tipo de beleza no futebol que eu desconhecia.
Uma beleza que vem da articulação de uma força total: física, mental, emocional, tática, estratégica.
Uma ideia de força que não é violenta ou opressora. Uma força cuja aplicação não se dá por imposição autoritária, mas por construção e movimentação.
Uma beleza que existe na capacidade de se reinventar em qualquer circunstância.
Que executa todos os fundamentos com excelência: da bola parada ao chute fora da área, passando pela recuperação de bolas perdidas, por jogadas ensaiadas a partir de laterais e por uma capacidade de regeneração mental rara no esporte.
Meu amigo Edson Rossi, um dos palmeirenses que amo, compara o time de Abel ao conceito de Fuerza Bruta nas artes cênicas.
O espetáculo teatral que leva esse nome, criado há 20 anos, foi inovador na medida em que levou uma demonstração de força aos palcos através da mistura de dança e interpretação.
Essa força que não é violenta, mas que, por ser potente, humana e rara, nos arrebata quando é criada.
No Fuerza Bruta, não há espaços desocupados, não há coração desacelerado.
É a certeza de que veremos uma revelação de vigor do melhor tipo: o coletivo.
Aquele em que uma pessoa estimula a outra e, juntas, nos elevam a um lugar de mais significado.
O Palmeiras de Abel é, como bem definiu Edson Rossi, o Fuerza Bruta em campo.
É a certeza de que haverá gol. De que haverá virada se for preciso.
Para além do futebol-arte, mas não necessariamente superior a ele; apenas uma nova dimensão de beleza.
Meu lado apaixonado por futebol se emociona.
Meu lado corintiano se desespera.
Nessa articulação de contradições, que quase todo torcedor experimenta cedo ou tarde, vou existindo.
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