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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Corinthians: saída de Willian é balde de água fria

Willian em oração pouco antes de partida do Corinthians no Brasileirão 2021 - Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Willian em oração pouco antes de partida do Corinthians no Brasileirão 2021 Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Colunista do UOL

10/08/2022 18h40

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O Corinthians tem feito ótima campanha no departamento de marketing e de comunicação. Trabalha bem as redes sociais, fala diariamente com a torcida, apresenta jogador com chuvas de fogos, luzes apagadas e celulares acesos.

Trata o Fiel Torcedor com pompa, faz camisa com "respeita as minas", produz vídeos emocionantes e sensíveis.

Fora de campo, é como uma empresa trabalhando para deixar seu cliente satisfeito - e digo isso com algum cinismo porque não acho que time de futebol deva agir como empresa.

Mas, olhando mais de perto, começamos a sentir o cheiro do ralo (ótimo filme, aliás).

Alguma coisa parece não estar encaixada no relacionamento entre jogadores, comissão técnica, diretoria.

A saída de Willian é um balde de água fria numa temporada que, depois de se anunciar ruim, ameaçou ser boa e agora já indica que pode ser um fracasso.

Willian e Corinthians nunca reataram de fato. O reencontro ficou com gosto de "faltou alguma coisa" de ambas as partes.

Não se pode culpar o atleta que deseja escapar desse Brasil atual. Não se pode julgar a decisão de quem foi ameaçado por pessoas desequilibradas que vivem em um país desequilibrado.

Willian vai sem ter chegado de alma. Sai sem imprimir sua marca. Deixa a Fiel com saudade do que poderia ter sido.

A vida segue - e segue com clássico contra o Palmeiras no sábado, 13, e com decisão pela Copa do Brasil na quarta-feira, 17.

Perder o derbi é ficar a nove pontos do líder. Não vencer com diferença de pelo menos três gols o Atlético-GO é sair da Copa do Brasil

Não seja pessimista, dizem os otimistas. O time é segundo colocado no Brasileiro e ainda está na Copa do Brasil, tudo ainda vai bem.

Verdade: olhando friamente, talvez tenhamos coisas boas no caminho.

Mas um olhar mais atento e sensível nos diz que não.

Vitor Pereira e Roger Guedes se desentenderam lá atrás e desde então o time tem alternado bons jogos com atuações apáticas.

O sonhado embalo não acontece e VP aparenta estar a cada dia menos animado com seu trabalho.

O cheiro de que alguma coisa apodreceu começa a ficar mais forte. Se for verdade, o Corinthians tropeçará no Derbi.

Mas, se houver alguma saída para desviar os ventos da crise, o time deixará a alma em campo no sábado e poderá voltar a sonhar. Animado, unido e confiante, vira o jogo na Copa do Brasil e tudo outra vez parecerá ótimo.

Incertezas e um certo cheiro que vem do ralo: é o que temos.

De certo mesmo apenas o show da torcida, que não se cansa de demonstrar de forma potente e comovente o que sente pelo clube.

Treinadores e craques vêm e vão; essa torcida sem igual fica.

É o que o clube tem de melhor. É seu maior patrimônio. É a única e real riqueza. São os únicos que jamais partirão.