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O São Paulo Futebol Clube entende que seu maior patrimônio é a torcida?
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Não tem sido um bom ano para o São Paulo. Mesmo ganhando a Sul-Americana, haverá o consenso de que o time é maior e mais potente do que aquilo que estamos vendo, seja em relação à posição dos campeonatos que disputa, seja na forma como joga, seja no peso que os rivais dão à camisa tricolor hoje, seja no comportamento político de sua diretoria.
Mesmo diante dessa queda de qualidade, mesmo tendo vencido apenas um Paulista em tempos recentes, mesmo jogando sem encantar, o time tem visto o estádio lotar.
Em campo, se falta técnica, sobra raça. Nas arquibancadas, se faltam títulos, sobra paixão.
Ídolos vão e vêm. Diretores idem. Mas a torcida que faz do time um dos líderes em média de público no ano, ao lado de clubes que estão em excelente fase, é o patrimônio maior.
A diretoria se aproveita dessa paixão para diminuir o preço do ingresso em jogos de menor importância e aumentar nos de maior importância, punindo o torcedor periférico, o trabalhador, o cara que precisa escolher entre comprar ingresso e, muitas vezes, comprar itens básicos.
Tratar assim o torcedor é não reconhecer que tudo o que o São Paulo é e tem deve-se a essa massa.
Não apenas o São Paulo, claro. Mas é em fases ruins que a gente percebe o tamanho do amor, e a torcida do São Paulo tem dado incontáveis demonstrações.
A luta pela mudança no estatuto, uma batalha para concentrar ainda mais poder, não interessa ao torcedor nem ao que o time pode ser em termos competitivos. Por que uma diretoria que não faz um bom trabalho desejaria se manter a ponto de insistir na tentativa de mudar o estatuto?
Precisa mudar bastante coisa, sim. Só que concentrar poder não é o caminho.
Se um clube pertence ao seu torcedor seria preciso encontrar um modo de fazer com que a torcida participasse de forma ativa e cooperada das decisões. Alargar o poder decisório, e não limitá-lo ainda mais.
Mesmo com o título da Sul-Americana esse terá sido um ano difícil para o são-paulino e para a são-paulina.
Não porque o título seja pouca coisa, mas porque o time que já foi considerado o mais organizado do Brasil sobrevive competitivamente aos soluços, brigando na parte inferior da tabela do nacional, ganhando um jogo aqui e perdendo outros tantos ali.
Quando as diretorias colocarem o torcedor e a torcedora no contexto que ele e ela merecem, o jogo vira.
Mas quando haverá interesse político para colocar essa verdade em prática?
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