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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sete lições que podemos tirar do primeiro turno das eleições

Lula e Bolsonaro - Arte UOL
Lula e Bolsonaro Imagem: Arte UOL

Colunista do UOL

02/10/2022 21h46

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As urnas falaram nesse dois de outubro.

Alguns recados precisam de análise mais depurada, mas há recados claros e diretos.

1. O PSDB acabou. Rodrigo Garcia não vai para o segundo turno no estado de São Paulo e, no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao que tudo indica com 90% das urnas apuradas, vai disputar um segundo turno estando muito enfraquecido porque, por pouco, não acabou em terceiro.

Onyx Lorenzoni, bolsonarista, apareceu em primeiro. Eduardo Leite é a única esperança de o PSDB se manter respirando por aparelhos. Caso ele fracasse, o PSDB não terá nenhum governo para chamar de seu. Agradecimentos pelo fim do PSDB podem ser endereçados diretamente à mansão de João Doria nos Jardins, em São Paulo.

2. Ciro Gomes, em sua acentuada curva para a direita, entregou votos úteis a Bolsonaro e ajudou a promover o segundo turno entre Lula e o atual mandatário. Se Ciro tivesse agido decentemente, como um democrata, Lula talvez levasse no primeiro turno.

3. O fascismo é uma pedra fundamental da sociedade brasileira. Mesmo diante de todo o horror promovido por Bolsonaro durante esses quatro anos, incluindo-se o que ele fez na pandemia, a volta da fome, o desemprego absurdo, a miséria generalizada, a utilização de um slogan fascista, o amor declarado pela tortura, elogios ao estupro etc, Bolsonaro teve 51 milhões de votos.

Contra essa realidade, o partido que conseguiu se mobilizar para formar uma frente ampla é aquele que disseram que tinha morrido em 2018: o PT. As urnas em 2022 mostram a força do PT, indicam como sua capilaridade poderá nos ajudar e reforçam que seis milhões de votos a mais do que o partido da situação é, nesse contexto, muita coisa.

Isso dito, vale lembrar que nem todos os eleitores de Bolsonaro são fascistas, por certo, mas o núcleo duro dessa vibração bolsonarista é o fascismo.

A história explica. Fomos o país com mais sedes do partido nazista depois da Alemanha durante os anos 30 e 40. O partido integralista brasileiro, mesmo depois da Guerra, tinha milhões de adeptos.

4. O Bolsonarismo criou raízes profundas em nossa sociedade. Se Lula ganhar o segundo turno, terá contra ele um parlamento altamente conservador e reacionário, disposto a tudo para travar a governança.

5. O resultado foi desanimador para quem achava que se livraria de Bolsonaro de imediato. Mas foi infinitamente mais desanimador para quem acreditou que em 2023 o bolsonarismo começaria a morrer.

6. Outubro vai ser um mês difícil, violento, tenso, angustiante.

7. Tem luta. Sempre tem. Porque não lutamos para ganhar. Lutamos para existir e respirar.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do que foi publicado no texto, Jair Bolsonaro teve 51 milhões de votos no primeiro turno, e não 40 milhões. O erro foi corrigido.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL