Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Pergunta machista, infantil e cretina enfurece Vitor Pereira em coletiva
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"A informação que temos", disse o repórter Marco Bello da rádio Transamérica durante a coletiva pós jogo, "é que sua esposa quer que você vá embora, mas você quer ficar. Quem manda na sua casa?".
Mas a gente pode responder.
A pergunta é, antes de mais nada, machista. Ela sugere que quem manda na casa deve ser o homem e que, por isso, seria "masculino" que VP batesse o pé e fizesse sua vontade valer.
A pergunta é infantil porque se a ideia era fazer uma graça e dar uma descontraída —como depois alegou o repórter aproveitando para se desculpar sem jamais fazer referencia ao machismo contido na pergunta— ele optou por um caminho que um garoto da quinta série talvez tivesse escolhido.
A pergunta é cretina porque ela contém infantilidade e machismo e porque fantasia de misoginia - ou da diminuição do feminino —uma graça que só tem graça para quem é machista.
Essa tentativa de ser engraçadinho e fazer piada com misoginia é feita do mesmo tecido que no fim do dia nos mata, fere, abusa, estupra.
Por achar que quem manda é o homem é que mulheres são assassinadas diariamente no Brasil.
Por achar que somos objetos de menor importância, é que somos agredidas dentro de nossas casas.
Todos os dias o futebol diz a nós mulheres como e quanto nos detesta. Todos os dias.
E, ainda assim, aqui estamos.
O repórter se desculpou, verdade. Mas com VP, não com nós mulheres. É, aliás, outro clássico do machismo: um homem se desculpa com outro homem em casos de ofensa a esposa desse outro homem.
No caso, Bello deveria ter feito uma reflexão a respeito do machismo que a pergunta continha e pedido desculpa às mulheres - a de VP, às que trabalham no futebol, às que trabalham com esporte, às que existem.
Infelizmente temos que seguir sendo as chatas em relação ao machismo e à misoginia. Um saco ter que ficar lendo sobre isso, né?
Se é pra você, imagina pra gente que a cada oito minutos é estuprada. Chato. Bem chato mesmo.
Seguimos na luta porque sabemos que perguntas machistas e profissionais como Marco Bello um dia passarão e que nossas filhas e netas viverão num mundo onde serão respeitadas como sujeitos e não como objetos. Um mundo no qual não seremos usadas como meio de piada e divertimento em entrevistas que não nos envolvem.
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