Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Aos que sobreviveram, aos que choram, aos indecisos
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Aqui estamos. Quatro anos depois, tendo atravessado uma pandemia e visto muitos dos nossos partirem antes da hora.
Aqui estamos depois de testemunhar o desmonte do ensino público, o aumento da inflação, o desemprego indecente, o crescimento exponencial de pessoas em situação de rua. Crianças que dormem sem um teto, que não sabem quando conseguirão comer.
Aqui estamos vendo o mundo inteiro olhar em desespero para o que viramos.
Me parece bastante razoável pensar que haja na Venezuela aqueles que temam virar o Brasil e haja em Cuba aquelas que temam ter que vir para cá.
Foram quatro anos de acúmulo de riqueza nas mãos de uma dúzia e de destruição de nossos biomas em ritmo frenético.
Sobrevivemos. Com novas feridas, com cicatrizes, com medo, com pavor. Mas sobrevivemos.
Dançamos menos. Cantamos baixo. Transamos pouco. Mas sobrevivemos.
Tem dias que nem sabemos como. Mas sobrevivemos.
Viver sem sonhar é devastador. Mas sobrevivemos.
Vamos às urnas com a chance de mudarmos isso.
A alternativa a mais quatro anos de devastação e violência é uma frente ampla democrática que, pela primeira vez em nossa história, reúne todos os que verdadeiramente se importam com a nação e com a população.
Pessoas de direita, de esquerda, indígenas, ribeirinhos, feministas, movimento negro, frentes LGBTQs, sindicatos.
Não votaremos apenas por nós, mas pelos que passam fome.
Não votaremos apenas por nós, mas pelos que não têm mais um teto.
Não votaremos apenas por nós, mas pelas árvores e pelos seres das florestas.
Não votaremos apenas por nós, mas pelos que não sobreviveram.
Não votaremos apenas por nós, mas por uma chance de futuro.
A longa noite sombria e gelada está com as horas contadas para acabar. Tem uma aurora para nascer. Um dia de sol para brilhar.
Um voto por vez. Uma respirada por segundo.
Vai passar. Está passando.
Entrar na urna. Apertar 13. Respirar. Sair.
Depois, esperar pela apoteose que virá quando pudermos, outra vez, sonhar, desejar, transar, dançar, vibrar, gozar.
Só mais um esforço, ensina Vladimir Safatle. Só mais um salto no vazio para virar essa página tão triste da nossa história.
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