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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Corinthians mostra todos os afetos que o futebol feminino pode mobilizar

Millene comemora gol do Corinthians contra o Flamengo na Supercopa feminina - Ettore Chiereguini/AGIF
Millene comemora gol do Corinthians contra o Flamengo na Supercopa feminina Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Colunista do UOL

12/02/2023 12h14

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Ano de Copa do Mundo de futebol feminino e o calendário brasileiro começa com a Supercopa.

As duas equipes finalistas, Corinthians e Flamengo, chegaram a Itaquera prometendo jogo duro e disputado, mas não foi bem o que vimos.

O time do competente Arthur Elias abriu o placar com menos de um minuto e, desde então, sobrou no jogo, para deleite das quase 30 mil pessoas presentes.

Tamires e Gabi Portilho foram os destaques de um time rápido, entrosado, alegre e organizado.

Tamires, craque e capitã, jogou fora de posição (ela é lateral esquerda) e fez o papel de uma atacante, uma engenhosidade de Arthur Elias para deixar o time ainda mais ofensivo.

O Flamengo, que tem um time em formação e deve fazer bonito no ano, marcou seu gol com a capitã Daiane, que meteu cabeça na bola com força depois de cobrança de escanteio. No final, 4x1.

O futebol feminino, ainda muito criticado, segue seu caminho rumo a tempos mais felizes.

O presidente da CBF, presente a Itaquera, disse que os planos são os de obrigar que times das séries A, B, C e talvez até D tenham equipes femininas. É o que deve ser feito. Sem esse investimento na base nada pode acontecer.

Tudo é construção e o amor que temos pelo futebol masculino - que nos é oferecido na mamadeira - é também construído.

Sempre digo que comparar futebol feminino e masculino não faz sentido porque estamos falando de um esporte que se desenvolve há mais de 100 anos com apoio e dinheiro e de outro que só nos últimos 10 anos começou a ter alguma relevância para clubes e patrocinadores, sem falar que foi proibido por lei durante décadas e que enfrenta, até hoje, múltiplos preconceitos.

Querem comparar, comparem com o que era o futebol masculino em 1920 e incluam sobre ele todos os preconceitos que ainda recaem sobre o feminino.

A batalha está sendo travada, o jogo está sendo jogado.

A senhora toda-poderosa CBF parece ter acordado para as potencialidades do esporte. E as TVs também.

Sempre que a história da luta por espaço do futebol feminino for contada, o Corinthians deverá ter um papel de enorme destaque pelo trabalho que faz, pela paixão que engaja e pelos afetos que faz circular.

Timão bicampeão da Supercopa com direito a gritos de "É campeão!" e muita festa.