Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Estudo confirma o lugar mais perigoso para uma mulher estar: em casa
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Seria preciso começar esse texto avisando uma obviedade: a violência contra mulheres está piorando e agora temos um novo relatório para provar. O Foro de Segurança Pública acaba de publicar dados atualizados.
Digo isso porque existe o risco de alguns turistas no assunto acreditarem que, por causa do aumento dos casos no noticiário, as coisas estejam melhores.
Não, não estão. As coisas estão apenas sendo desvendadas, nomeadas, expostas.
Mas nós continuamos a ser abusadas, assediadas, violentadas, estupradas, silenciadas, oprimidas, reprimidas, assassinadas, humilhadas.
As delegacias seguem despreparadas para receber denúncias e as chances de sermos vítimas de re-vitimização ao denunciar são altas.
Os aliados na maior parte das vezes acham que podem comentar sem se implicar. Tratam do tema como quem olha de fora, como quem não faz parte do sistema e muito menos se beneficia dele.
Seria necessário entender que a corda do machismo e da misoginia que pode terminar em estupro e morte começa em silenciamento, apequenamento, falta de reconhecimento.
Os homens mais legais, os mais bem intencionados, se beneficiam desse sistema tanto quanto eu, uma mulher branca, me beneficio do racismo ainda que tente combatê-lo - e isso é preciso dizer.
Como mulher branca devo me implicar na luta antirracista: entender como reproduzo o racismo, como naturalizo, como preciso aprender e me transformar no dia-a-dia e na luta.
O aumento da violência contra a mulher em 2022 é notícia triste mas esperada. Aumentou geral mas aumentou ainda mais para mulheres negras.
Valeria dar uma espiada no relatório para entender que são número de uma guerra.
Mas destaco aqui um dos dados mais perversos: o lugar menos seguro para uma mulher estar é em casa.
É no lar que somos mais abusadas, assassinadas, silenciadas, oprimidas, estupradas. É da porta para dentro que corremos mais riscos.
Parem por alguns minutos para tentar entender a violência desse fato.
Normalmente é em casa que um homem pode relaxar. É para casa que se quer voltar.
Não para muitas de nós.
Não para um número absurdamente alto de mulheres: 54% das vezes em que somos vítimas de violência, aumento considerável em relação ao ano anterior. Para você ter uma ideia do significado, no bar e na balada esse número é da ordem de 3,7%.
Ou seja: a balada é lugar mais seguro do que nossas camas.
Oito de março vem aí e veremos muita gente falando sobre o tema. Mas e quando nove de março chegar? Voltaremos aos nossos lugares de antes?
A luta precisa continuar: todo dia tem que ser oito de março para que as próximas gerações de meninas e mulheres possam voltar em paz para suas casas.
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