Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Reação de Endrick após conquista mostra como opinião de Ana Thaís é valiosa
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Endrick é craque. Vai sair do Palmeiras - quando sair - como ídolo. Antes disso, conquistará títulos.
Depois, vai voar o mundo e ser celebrado além-mar por décadas.
Vai brilhar na seleção e um dia vestir a 10.
No futuro, entenderemos como o encontro com Abel Ferreira terá sido primordial para formar o homem que engrandece o jogador.
Tudo isso eu prevejo.
Tudo isso, como diria Nelson Rodrigues, está escrito há dez mil anos.
Mas Endrick pode fazer esse percurso sendo alguém bacana ou pode fazer esse percurso de forma neymarizada.
Ele é quem vai escolher o caminho.
Chegar ao estrelato com 16 anos deve ser uma coisa altamente desafiadora.
Opiniões de todos os tipos são atiradas em sua direção.
Da exaltação à desconfiança, de puxasaquismos a críticas exageradas. De elogios a ofensas.
Faz parte do amadurecimento saber navegar nesse oceano das opiniões dentro do futebol.
Ficar atento à mídia vale sim: somos bons em construir ídolos para depois apedrejá-los.
Nesse caminho, vai ser preciso saber quais críticas considerar, quais processar e quais ignorar.
Recentemente, a comentarista Ana Thaís Matos, no SporTV, opinou que talvez Endrick devesse voltar ao sub-20.
Não foi uma opinião descontextualizada. Foi feita com base na absurda pressão que estava sendo jogada sobre as costas do garoto.
Não foi uma opinião que visasse apequenar Endrick.
Pelo contrário.
Era uma preocupação para não queimar fases na carreira de alguém que teve o destino traçado na maternidade: vai ser craque na vida, meu filho.
Mas quantas vezes já vimos craques se perderem precocemente pelo caminho?
Quantas vezes já vimos craques não suportarem a pressão por pura pressa mercantil?
Era apenas uma opinião que continha preocupações legítimas.
Podemos concordar ou discordar. Podemos ignorar. Podemos parar e pensar.
Ou podemos, como Endrick, mastigar indefinidamente sem conseguir engolir e, na primeira oportunidade, soltar o revide chamando a torcida para revidar com ele.
Foi o que ele fez depois da conquista do título nesse domingo 9 de Abril: com a taça, ironizou depoimento de Ana Thaís ao SporTV.
Pra quê? Por quê?
No meio de uma celebração tão importante era preciso alfinetar uma profissional que não o ofendeu em nenhum momento?
Era Ana Thaís que estava em sua cabeça durante a conquista de um título de imenso significado na carreira?
Que mundo é esse em que tudo entra em rota de colisão e que revidar vale mais do que celebrar?
Não sabemos mais lidar com nuances?
Com opiniões que não são ofensivas, mas apenas críticas?
Endrick está começando sua carreira profissional. Haverá muitas opiniões sobre ele e suas performances.
Ele vai revidar todas ou apenas aquelas feitas por mulheres?
Ele vai parar para refletir eventualmente ou apenas esperar para dar o soco verbal no momento adequado?
Ele vai ser feliz ou colecionar críticas para depois poder mostrar que o crítico estava errado?
Eu espero que haja em volta do jovem craque pessoas capazes de orientá-lo para ser, além de jogador extraordinário, um cara bacana.
Estamos carentes de ídolos assim. Tomara que seja ele esse cara.
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