Em Salvador, Sampaoli encarna Ted Lasso e quase complica o Flamengo

O Flamengo saiu para o intervalo ganhando de 3x1 do Bahia. O resultado não refletia o que era o jogo - bastante equilibrado.

O resultado era reflexo de erros da arbitragem, que deixou de dar um pênalti para o time da casa e inverteu uma falta na entrada da área, o que resultou no terceiro gol do Flamengo.

Diante da vantagem, o jogo parecia seguro para o Flamengo. Mas eis que, sabe Deus por que, o Flamengo volta do intervalo com as cinco mudanças feitas, incluindo a do goleiro.

Eu nunca tinha visto isso acontecer. Um tipo de inovação que fica entre a coragem e a petulância passando pela insensatez. E se alguém se machuca? E se um zagueiro é expulso? E se o goleiro é expulso?

Será que o fictício e docemente destrambelhado Ted Lasso - personagem texano que treinava times de futebol americano até ser contratado por um clube da badalada e bilionária Premiere League no seriado que leva o nome do protagonista (Apple+) - faria coisa parecida?

Como o que separa o maluco do gênio é o sucesso, Sampaoli e sua conhecida ousadia ainda podem ser colocados na casa dos gênios.

Mas não foi hoje.

Logo no começo do segundo tempo, gol do Bahia. Três a dois.

Emoção a todo o vapor. Bahia atacando confiante. Flamengo se defendendo e tentando o contra-ataque.

Torcida em transe.

Mas o Bahia perdeu a cabeça (ou o juizão estava mesmo desconcentrado do jogo e seguiu errando em suas decisões) e teve dois jogadores expulsos, facilitando a vida do Flamengo.

Ainda assim, o Bahia seguiu atacando, agora na raça, na vontade, na loucura.

Como o Sampaoli não podia mais mexer, o que se viu foi um Flamengo cansado, tentando anular o ímpeto do Bahia, mas sem ter muita criatividade para aumentar o placar.

A arbitragem foi desastrosa sob todos os aspectos.

Se tivesse sido protagonizada pela Edina Alves, o Brasil não-flamenguista estaria sonoramente revoltado, indignado, emputecido.

Mas era um homem - Paulo Cesar Zanovelli - , então na segunda-feira pouco estaremos falando seu nome ou sua arbitragem pavorosa.

No final, o Bahia saiu muito aplaudido e com mais moral por ter lutado tanto com dois a menos.

Resta esperar a coletiva para saber o que dirá em espanhol o treinador do Flamengo.

Atualização:

As cinco mudanças de Sampaoli no intervalo teriam sido por lesões.

Mas Fabricio Bruno foi entrevistado ao final do jogo e, perguntado sobre o motivo das cinco substituições, nada falou a respeito de contusões.