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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Quando uma torcedora morre indo ver seu time jogar fracassamos todos nós

Colunista do UOL

10/07/2023 10h58

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A notícia de que a torcedora palmeirense Gabriella Anelli morreu indo ver seu time jogar é devastadora.

Vinte três anos não é idade para partir, especialmente em ocasião de paixão.

Gabriella saiu de casa com seu manto do Palmeiras. Sonhou ver mais uma vitória. Sonhou vibrar com sua turma na arquibancada. Era dia de festa. Dia de celebrar a vida e o amor que a gente sente por uma camisa.

Não foi nada disso. Teve briga, teve bomba, teve gás, teve a PM atuando destrambelhadamente como sempre.

Então teve correria, desespero e gritaria. Teve sangue e teve morte.

Morre com Gabriella um jeito de sorrir, de dizer "mãe, cheguei", de gritar gol, de amar e de dançar. Morre muita coisa quando um de nós morremos. Morrem sonhos e morre também quem nos ama.

Futebol é espaço para mortes simbólicas. A gente morre nas derrotas, morre nas quedas, morre nos fracassos. E depois a gente renasce. O futebol ensina a renascer.

O único tipo de morte que o futebol comporta é a simbólica

Mas a morte definitiva não tem volta e passar pelo luto é uma viagem de muita dor e desespero.

Gabriella saiu de casa vestida de verde para ver mais uma vez seu time disputar uma partida. Não voltou. Não voltará.

Futebol não rima com morte. Futebol rima com vida.