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Milly Lacombe

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Um tsunami chamado Botafogo

Carlos Alberto, do Botafogo, comemora gol contra o Grêmio, pelo Brasileiro - Vitor Silva / Botafogo
Carlos Alberto, do Botafogo, comemora gol contra o Grêmio, pelo Brasileiro Imagem: Vitor Silva / Botafogo

Colunista do UOL

10/07/2023 04h00

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O Botafogo, como já escrevi antes, é uma imensa onda que ninguém viu se formar no horizonte e que chega para varrer a praia.

Depois de um Estadual sofrível, sendo o único entre os grandes a não participar da semifinal, as previsões para o Brasileirão eram as mais pessimistas.

Mas o futebol não se sujeita às objetividades. O Botafogo, aparentemente uma marola, era na verdade um tsunami em formação.

Luis Castro e seu elenco trabalharam silenciosamente e o primeiro sinal do que estava por vir aconteceu depois de uma vitória heroica contra o todo-poderoso Flamengo na terceira rodada: 3 x 2 e liderança do campeonato.

As vitórias começaram a ser conquistadas com jogo sólido: no gol, Lucas Perri a cada dia mais seguro. Na zaga, Adryelson e Cuesta entrosados. No meio, Eduardo como centro de gravidade. À frente, Tiquinho cheio de confiança. Ao redor, um elenco destemido e unido.

Uma união que foi blindada depois da improvável vitória contra o maior rival logo na terceira rodada.

Há duas semanas, a partida contra o Palmeiras em São Paulo deu ao Brasil uma dimensão do que é esse Botafogo de 2023.

Ao contrário do que podíamos supor, a saída de Castro não abalou o time em campo. Muito pelo contrário: talvez tenha funcionado como gatilho para que os jogadores fizessem mais, para que mostrassem do que eram capazes.

Estamos diante de um elenco que acredita no impossível. Muitas vezes isso basta.

A torcida, em transe, não sabe muito mais o que fazer a não ser berrar descontroladamente aguardando o fim do campeonato.

Se o time realmente conquistar o Brasileiro haverá botafoguenses bêbados e em delírio pelas ruas por semanas.

Vai ser uma festa indescritível e inédita.

Testemunhar o fortalecimento desse time é história bonita para quem ama o futebol.

Não houve estatística capaz de prever o Botafogo na liderança.

Não houve comentarista colocando o alvinegro da estrela solitária entre os favoritos.

Não houve quem apontasse o time de General Severiano como aquele a ser batido.

Passadas 14 rodadas, o Botafogo abriu 10 pontos do segundo colocado, o todo poderoso Flamengo, e 12 pontos do quinto colocado, o multicampeão Palmeiras.

O Botafogo é a prova de que o futebol resiste a protocolos, estatísticas, apostas, previsões.

A prova que o jogo que amamos é disputado numa outra dimensão e faz uso de mistérios que jamais poderão ser decifrados.

A prova de que união e comprometimento muitas vezes se sobrepõem a elencos badalados e milionários.

No Botafogo de 2023 pulsa o futebol inteirinho.