Três razões pelas quais o VAR piora o futebol
O VAR, outra vez, termina uma rodada como vilão. O impedimento marcado no gol legal de Gabriel entra para a lista das aberrações cometidas pela tecnologia que, como sabemos, é operada e calibrada por humanos.
O VAR chegou trazendo a crença de que o jogo agora, enfim, graças aos céus, seria justo.
Os mais cínicos, grupo no qual me incluo para essa questão, alertavam para o fato de que ele não faria nada sequer parecido.
Estávamos certos.
O VAR não apenas falha em trazer justiça ao futebol como ele piora muito o jogo.
Como?
Primeiro, criando a falsa expectativa de que a justiça chegou.
Depois, aumentando a revolta porque é realmente bastante difícil que um comitê dos melhores árbitros da galáxia consiga nos convencer de que o VAR acertou marcando o impedimento de Gabigol.
Mais: o VAR parece convidar árbitros e alguns dos apaixonados pela objetividade, que Nelson Rodrigues chamaria de idiotas mas eu me controlo, a encontrar a razão no milímetro de cada lance. Para. Volta. Recua. Acelera um pouco. Outro ângulo. Mais uma linha. Linha pra lá. Linha pra cá. Para. Volta. Viu? Impedido.
Congela a imagem. Deixa ver se o atacante encostou no zagueiro na hora do gol. Acelera. Muda o ângulo. Congela outra vez. Acelera bem lentamente. Para. Encostou! Falta. Anula o gol.
No dia que o futebol for assim regulado ele terá acabado.
Futebol comporta um universo intuitivo que estamos perdendo de vista. Vamos errar. Faz parte. Erros maiores e menores.
O VAR não vai embora, claro que não. Mas existe uma imensidão entre deixar ele controlar o jogo a fazer uso inteligente e limitado da ferramenta.
O problema, que parece agora evidente, é que errar com a ajuda do VAR é muito pior, indecente, inexplicável e revoltante do que sem ele.
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