Fifa usa Copa Feminina para tentar limpar sua imagem
A Copa do Mundo de futebol feminino já é um sucesso pelo mundo. A Fifa colhe seus louros e pretende levar para casa boa parte da repercussão positiva.
Realizar a maior Copa feminina de todos os tempos caiu bem para a Federação Internacional de Futebol, sempre tão ligada a escândalos, machismos e suspeitas de malfeitos.
Mas a Fifa não vai deixar de ser a Fifa que tem pacto com ditaduras e ditadores e, durante a coletiva de imprensa da seleção da Zâmbia, isso ficou bem claro.
O treinador Bruce Mwape, acusado de violência sexual contra as próprias atletas, foi salvo por agentes da Fifa quando uma pergunta sobre a suspeita dos crimes foi colocada durante a entrevista.
Classificação e jogos
Antes que o acusado pudesse responder, a Fifa veio protegê-lo através de um mediador e disse que a pergunta era "muito política" e que não seria respondida.
Quando uma segunda pergunta sobre o tema foi feita, a coletiva foi encerrada.
Vejamos: no dia anterior, a Fifa tinha impedido que uma pergunta sobre quem era lésbica na seleção do Marrocos fosse respondida.
Estamos falando de situações semelhantes? Não. De forma alguma.
A homossexualidade é proibida no Marrocos e responder à pergunta colocaria em risco a integridade física das atletas.
No caso das acusações de assédio sexual contra mulheres, a pergunta é legítima e necessária - especialmente numa Copa feminina.
No primeiro caso, a pergunta estaria expondo o oprimido; no segundo, o opressor.
A Fifa, que se orgulha de estar à frente da realização da maior Copa feminina da história, não está de fato muito preocupada com a vida das mulheres.
A Fifa quer o seu naco do dinheiro e se para isso for preciso fazer um teatro de apoio a mulheres, ela fará.
Mas, nas coxias, a vida continua como sempre foi: danem-se vocês e os abusos e os assédios e os estupros que sofrem.
Censura é coisa de ditadura e a Fifa mostra que não se importa muito com isso. Segue o jogo.
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