Cinco lições que o futebol masculino poderia absorver do feminino
A Copa 2023 tem chamado a atenção dos amantes do jogo não apenas pela qualidade técnica e competitiva revelada até aqui, mas também por levar a campo uma ideia de jogo há muito esquecida no masculino.
Nas palavras do meu colega Eduardo Tironi, sobra respeito pelo futebol.
Vejamos então quais dessas atitudes poderiam ser absorvidas por nossos colegas do masculino.
1. A arbitragem tem espaço para trabalhar. Não há pressão sobre marcações, não há chiliques quando o VAR está analisando e a juíza aguarda para apontar o veredito, não estamos vendo jogadoras ou treinadores revoltadas e revoltados com arbitragem durante ou depois do jogo. O curioso é que é a mulher o gênero associado a destemperos e histeria, mas são os homens que agem assim no futebol. O comportamento respeitoso faz ganhar o futebol, que vive de ritmo.
Classificação e jogos
2. Ausência de simulações. Não há aquela neymarização ruim do jogo: ninguém sai rolando depois de receber um bico na canela, não se leva as mãos ao rosto depois de um encontrão, não há tentativas teatralizadas de manipular a arbitragem. Outra vez, ganha o jogo.
3. O amor está no ar: romances, amizades, carinho, afeto. Tem de tudo, e tem de sobra. Tem beijo na boca entre atletas, tem beijo na boca entre jogadora e namorada na arquibancada, tem abraço carinhoso entre rivais depois do jogo. A competição dura fica reduzida ao campo, como deve ser.
4. As coletivas contém respeito nas respostas. As atletas se colocam sem medo e abordam temas gerais do jogo sem reclamar das perguntas, mesmo das piores delas, entendendo que o momento é reservado para que elas se comuniquem com a torcida.
5. O futebol é entendido como fenômeno social e as jogadoras não têm medo de se colocar a respeito de temas sensíveis como o da LGBTfobia.
Há quem acredite que tudo isso se dá porque falta malícia às jogadoras. Mas fazer esse recorte é deixar de analisar as características associadas à construção do masculino e do feminino no mundo.
Homens são encorajados a serem ativos e incisivos, a não levarem desaforo para casa, a não demonstrarem sentimentos de afeto em relação a outros homens.
Já a construção da mulher não reprime demonstrações de sentimentos nem encoraja violência nas ações.
Então talvez não seja falta de malícia, mas apenas uma outra forma de jogar futebol.
Uma forma mais agradável, bonita, feminina e justa.
Deixe seu comentário