Poesia e concretude entram em campo para fazer história contra a França
Em 1970, comecemos por Clodoaldo que passa a Rivelino, que acha Jairzinho na ponta.
Em 2023, Tamires achou Debinha na mesma ponta esquerda em que, num passado nem tão distante, Jair pegou a bola.
Em 1970, Jair viu Pelé e deu para ele a bola na cabeça da área.
Em 2023, Debinha tocou para Adriana que, de letra, devolveu deixando sem ação as três panamenhas que estavam na marcação.
Classificação e jogos
Em 1970, Pelé sentiu Carlos Alberto se aproximando pela lateral direita e reteve a bola até que o Capitão estivesse em ponto de contato.
Em 2023, Debinha enxergou Ary já na pequena área e cruzou em seus pés. Ary, de frente para o gol, sentiu Bia atrás dela e deu de calcanhar.
Em 1970, Carlos Alberto e a bola se encontraram com a história.
Em 2023, Bia Zanerato e a bola fizeram o mesmo.
Em 1970, era uma final. Em 2023, foi uma estreia.
Em 1970 eram os homens, em 2023, foram as mulheres.
Um gol solidário com a cara do futebol brasileiro formados nos guetos e nas frestas.
Um gol que derrete os gringos e faz com que todos nos enxerguem pelo que somos: poesia e alegria.
Esse foi o Brasil que venceu o Panamá na estréia. Um Brasil que repercutiu na Europa, nos Estados Unidos e na Oceania por ter resgatdo o futebol bonito, o futebol arte. Narradores e narradoras em êxtase com o gol de Bia.
Contra a França nesse sábado, podemos resgatar um pouco desse passado, por vezes tão cruel, por outras tão poético, e iluminar o futuro.
Um pouco do conservadorismo de Pia misturado a muito de nossa criatividade e coragem. Um tanto de rigidez tática com rompantes de anarquia intuitiva. Uma dose de rigor e muitas de amor.
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